Tiremos-lhe o nosso chapéu, quem o usar, e tributemos-lhe um sonoro aplauso.
Cândido Costa foi um bom jogador do futebol português, ainda que, talvez, não tenha conseguido expressar todo o potencial que se lhe augurava.
Ainda assim, com passagens por vários clubes, soube ir mais além da sua carreira de futebolistica, numa altura em que a sua vida estava num limbo. Sem clube, com pouco dinheiro, foi comovente, mas acima de tudo digno pela sinceridade, como narrou o momento em que o seu companheiro Edinho o presenteou.
Não obstante essas dificuldades, soube erguer-se e dar a volta ao jogo. Exímio comunicador, agarrou a oportunidade que lhe foi dada, ganhando o seu espaço, demonstrando haver vida no futebol para além dos relvados.
Aliás, lembro-me bem tê-lo ouvido pela primeira vez e ter dito para mim: “Bolas, que este gajo fala bem, sem precisar de usar palavras caras ou frases feitas”, tão a gosto de muitas estrelas da bola,
E quando Cândido fala tudo torna-se mais simples, sem ser necessário afirmar que “não vamos atirar a toalha ao chão”, ou “temos que continuar a trabalhar e levantar a cabeça” ou outros chavões que já sabemos de cor.
Seja no conhecimento exímio do jogo e da sua facilidade em lê-lo, mas, acima de tudo, pela capacidade de demonstrar que o “relvado é verde e jamais cinzento”,
Mas, acima de tudo, na capacidade em falar com a alma… em tornar pessoal, o que muitos colegas seus tornam frio e impessoal!
No modo como conta histórias, quase sendo capaz de nos fazer ver a acção e sentir-nos integrados nelas, fazendo-nos sentir que as mesmas podiam ter-se passado connosco, numa humanidade despida de vaidade e de falsidade, mas crua como a vida deverá sempre ser.
Cândido é no fundo o que o futebol deveria de ser sempre… inteligente e conhecedor, mas, simultaneamente, feliz e despreocupado, sem jamais perder a humildade de reconhecer e lembrar os momentos mais difíceis que viveu!
Um merecido e enorme aplauso…