Será o artigo para encerrar, provavelmente, a história da participação da selecção portuguesa no Qatar.
Numa equipa que terá ficado aquém das expectativas, haverá um elemento que merecerá que lhe tiremos o nosso chapéu: Pepe.
Pepe poderia nem estar neste Mundial, fruto de uma lesão que parecia indiciar o mais inexorável dos adversários: o tempo que vai corroendo o espírito e o corpo. Além disso, o seu treinador no FC Porto, Sérgio Conceição, entredentes houvera dado a entender as dificuldades que o jogador teria em estar no máximo das suas potencialidades na máxima prova futebolística à escala planetária.
Por essa razão, não actuaria no primeiro jogo. Pepe não estava ainda completamente recuperado e, talvez, Fernando Santos acreditasse mesmo que a dupla constituída por Rúben Dias e Danilo fosse a mais fiável.
Contudo, o jogador do Paris Saint-Germain lesionar-se-ia a seguir, logo, ao primeiro jogo e Fernando Santos, desde logo, deu a entender que achava que António Silva não tinha a experiência necessária para ser a escolha. Chamaria, de imediato, o comandante de tantas lutas, o último bastião da trincheira em milhentas batalhas, o homem que, conjuntamente com Cristiano Ronaldo, tem sido a trave-mestra da equipa.
Seria, provavelmente, um dos tiros mais certeiros das escolhas mundialistas de Santos. Pepe em campo faz olvidar qualquer problema físico. Na sua capacidade esbatem-se quaisquer debilidades. No modo como sente as Quinas percebe-se que, em vez de se chamar Kepler e ser natural de Maceió, poderia chamar-se José Ferreira e ter nascido na aldeia mais portuguesa do nosso país.
Por isso, Pepe é o que nós seríamos se fossemos chamados a representar o nosso país, fosse no Campeonato do Mundo de futebol, fosse no Torneio de sueca que, por algum fruto do acaso, disputássemos em Badajoz. Pelo símbolo tudo! Pela vontade de o engrandecer não regateamos a esforços! Nem que tivéssemos de acabar a última partida, aquela em que a derrota já se antevia e se pressentia que nada poderia ser feito para evitá-la, em dor, com um braço partido, mas sempre a dar tudo pelo país que nos acolheu!
Se não depende de nós escolher o local onde nascemos, dependerá de nós viver, defender e amar qualquer cidade, aldeia que nos façam sentir em casa… ninguém duvide fomos uns privilegiados ter vivido os tempos de uma selecção em que vibramos com os feitos do melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, e de um dos seus mais fiéis discípulos: Pepe, o Monstro!