Inicio esta rubrica, falando um pouco do tão ansiado, ou habitualmente, tão ansiado jogo inaugural do Mundial.
Devo confessar, que contrariamente a mundiais anteriores, este, tendo em conta a sua “especificidade”, penso que todos entenderão a multidisciplinariedade desta palavra, não me suscitou tanta emoção como regularmente o faz.
Não obstante tudo isto, a paixão pelo jogo está sempre presente. Este primeiro jogo, jogado no cenário faraónico criado pela seleção anfitriã, criou em mim a expectativa de observar o nível a que se iria apresentar.
Reunidos num estágio, que se prolonga desde os últimos 6 meses, envolto em secretismo, de uma preparação pressionada pelos resultados, num torneio em que os seus líderes esperarão uma demonstração de força, poder, de ascensão perante o mundo, questionei-me sobre se o caminho escolhido terá sido o melhor.
Se por um lado parece de elevado profissionalismo, a possibilidade de concentrar a seleção durante meio ano, para a preparação do torneio mais prestigiado do planeta, por outro, e falando por vivência própria, questiono a importância do click.
Todos nós, quando estamos 24 sobre 24h a viver algo durante um longo período de tempo, atingimos um ponto de saturação, um ponto limite que faz quando nos levantamos, já estejamos em piloto automático. Leva-nos à ânsia que o término daquela missão chegue rápido, para que possamos respirar outros ares.
Ao assistir à seleção Catari, as minhas convicções ganharam mais certezas; certezas que passam pela mudança de estado, pelo click de ter os seus jogadores a competir pelos clubes numa competição, para viver outros ambientes diversos do da seleção, com maior frescura mental, maior motivação e predisposição.
Por isso, o que observamos foi uma seleção do Qatar amorfa, com os seus jogadores presos mentalmente, sem criatividade, ansiosos, nervosos, que não encontraram o estímulo da superação, tão necessário para este primeiro jogo, e sobretudo para o torneio.
Rui Mota