Começa hoje o final-four da Taça da Liga, em Leiria.
Uma decisão para a qual, para além do FC Porto e Sporting, apuraram-se Arouca e Académico de Viseu a disputar a Liga 2. Na verdade, tal demonstra que, apesar do proteccionismo aos mais fortes com que esta prova sempre foi apodada, deu espaço ao aparecimento de boas surpresas. Desde logo, o triunfo do Vitória FC na primeira edição. Depois disso, ainda tivemos o histórico feito do Moreirense, capaz de bater Benfica e SC Braga para se sagrar Campeão de Inverno, como, pomposamente, alguém se lembrou de chamar ao vencedor da prova.
Porém, além destes, não poderemos esquecer finalistas como Paços de Ferreira, Gil Vicente, Marítimo e Rio Ave que, surpeendentemente, esbateram o status-quo vigente e ousaram chegar ao jogo decisivo da competição.
Por isso, é que é, ainda, mais surpreendente, a já anunciada decisão de, a partir, da temporada 2024/25 a competição, apenas, disputar-se pelos quatro primeiros classificados da época anterior. Cerceando, muito provavelmente, a hipótese de equipas como as supramencionadas voltarem a ser felizes.
Porém, não nos iludimos. A Liga de Clubes é composta por todos os clubes a disputarem os escalões profissionais. Logo, esta foi uma decisão deles. Por tal, causa estupefacção como os presidentes dos clubes que já venceram a prova, aquiescem numa decisão destas. Como também causa estupefacção como líderes máximos de emblemas com poucos troféus e muita ambição não batem o pé à retirada de mais uma possibilidade de serem felizes, num atroz gesto de discriminação, de violação da igualdade de oportunidades e na elaboração de um fato à medida dos emblemas de sempre.
Assim, a Taça da Liga que, aos poucos ia conseguindo ser, pelo menos, tolerada, passará a ser a a Taça dos mais ricos… numa dolorosa contradição com a festa democrática que é a Taça de Portugal, ainda que com alguns tiques de proteccionismo com a meia-final disputada a duas mãos.
Mais ricos que beneficiarão de menos jogos para vencerem um troféu, correndo, também menos riscos de ser eliminados. Em troca de alguns empréstimos, algum proteccionismo, os demais clubes preferiram o silêncio do que a luta pelos seus direitos!