Depois da estabilidade (e sucesso) que Álvaro Pacheco conferiu aos comandos do Vizela, os responsáveis da SAD do clube parecem ter uma irresistível atracção de jogarem no risco. Uma atracção tão grande que os levou a despedir um treinador que se tornou num verdadeiro fenómeno entre os adeptos e quando ninguém poderia sequer aventar esse possibilidade.
Para o seu lugar entrou Tulipa, treinador dos sub-23 do clube, e que foi capaz de vencer as desconfianças dos adeptos. O Vizela continuou a jogar um futebol agradável, corajoso perante equipas, supostamente, mais capacitadas e a pontuar…a ponto de olhar, com legitimidade, para um inédito apuramento europeu, que não se veio a concretizar.
No final da temporada, em vez da recondução de um treinador que fora apresentado como interino e pese algumas declarações de exagero indiscutível (como aquela referente ao Bayern Munique) mostrou capacidades, mais uma vez os responsáveis vizelenses quiseram jogar na roleta e apostar todas as fichas no preto.
Só assim poderá ser interpretada a escolha do espanhol Pablo Villar para treinador da equipa sénior para a próxima época. Um perfeito desconhecido, cujo último trabalho ocorreu nos lituanos do FK Riteriai, onde em 26 partidas venceu dez. Antes desta aventura báltica, Villar tinha, apenas, vivido outra experiência como técnico principal no Pohronie da Eslováquia onde em nove partidas venceu uma. Ambas as equipas com ambições modestas, com o desejo de se manterem no principal escalão das ligas dos respectivos países e sem Villar conseguir algo que merecesse destaque… muito pelo contrário!
Para além disso, o clube optou por um arriscado modelo. Na verdade, numa equipa, com a necessidade de fazer valer todos os seus argumentos para sobreviver, o conhecimento do meio, leia-se campeonato, e intervenientes, leia-se jogadores, onde se insere, será uma virtude. Álvaro e Tulipa são velhos caminhantes do futebol português, com quilómetros e quilómetros percorridos Estará Villar dentro das diversas nuances e simbioses do futebol português, ele que tem, apenas 36 anos, e desde 2018/19 afastou-se da Península Ibérica, para ser adjunto dos ucranianos do Karpaty Lviv e do Hainiu da China, antes de se assumir como técnico principal nos clubes já aludidos?
Por fim, uma terrível contradição. Uma profunda ironia. Portugal tem dos cursos de formação de treinadores mais apertados do mundo e que abrem menos frequentemente. Moreno, técnico que se apurou para as competições europeias com o Vitória SC, para o frequentar teve de beneficiar de um alargamento do mesmo. Outro exemplo, será o do adjunto do Roger Schmidt, o actual técnico campeão nacional pelo Benfica, na China, o português Rui Mota, nem sequer ter conseguido integrar o lote de suplentes. Atendendo a estes dois exemplos, existindo mais, que currículo justifica a contratação de Villar, quando, para além desta (inusitada!) exigência, Portugal tem dos melhores treinadores do mundo a brilhar nos quatro cantos deste? E tal afirmação não ser xenofobia nem chauvinismo!
Porém, no desporto tudo será uma carta fechada… um risco que às vezes se torna em êxito! Aguardemos com curiosidade…