A justiça desportiva portuguesa carece de credibilidade. Com efeito, não chocaremos ninguém se referirmos que a mesma pauta-se por dois pesos e duas medidas, velocidades de decisão diversas atendendo os objectos dessa decisão.
Hoje, tivemos dois exemplos estarrecedores que nos ajudam a perceber como o Conselho de Disciplina decide e os seus timings de decisão, que fazem dele um órgão inócuo, estéril, parcial e risível.
Desde logo, o facto do Benfica ter ficado ilibado de TODOS os castigos de jogos à porta fechada por alegado apoio ilegal às claques na temporada de 2019/2020 por…. ter sido ultrapassado o prazo previsto para a sua análise por parte da Comissão de Instrutores da Liga.
Ora, se a justiça tem de ser célere, gerar confiança aos destinatários e ser passível de segurança, neste caso sucedeu diametralmente o inverso. Tão lento que conduziu à prescrição, gerando desconfiança e sendo titubeante, errante e ziguezagueante, levando a que um qualquer arguido espere vencer a pugna por falta de comparência do órgão decisor. Nem num país de quarto mundo!
Porém, se tal gera desconfiança e faz-nos franzir o sobrolho, o que dizer do castigo hoje aplicado a Fábio Coentrão de um jogo. Fábio que já não joga futebol há um ano e que, certamente, deverá cumprir o castigo numa próxima vida, ou num qualquer torneio do Inatel que se lembre de entrar. Absolutamente lamentável, ainda para mais, atendo-se os factos praticados a 13 de Abril de 2021. Porém, só a 22 de Julho de 2022, o Conselho de Disciplina da FPF recebeu o processo da citada Comissão de Instrutores da Liga, justificando assim os 486 dias para decidir um processo de injúrias. No mínimo grotesco!
Absolutamente vergonhoso e a fazer entender as palavras vertidas por Pedro Proença, recentemente, quando afirmou, no Media Partners Day, a intenção de profissionalizar a referida Comissão. A antever a borrasca que se avizinhava, procurou apaziguar os ânimos.
Não o conseguiu…nem jamais o conseguirá. A disciplina do futebol português navega em águas lodacentas, esperando nós que pelo menos se deva a falta de competência… ao que chegamos para desejar que sofram somente desse mal!