O futebol é um desporto de massas. Um desporto de todos e para todos.
Será, também, aquele evento de lazer em que os nervos mais ficam à flor da pele. Um momento de descontracção, mas que vivido à flor da pele leva a que os adeptos se transformem, se transfigurem.
Tal leva a situações indesejadas, inesperadas…
Ou será que alguém no seu perfeito juízo aplaudirá cenas de crianças a serem maltratadas? Meninas a serem cuspidas?
Obviamente não é esse o futebol que queremos, nem a herança que deveremos deixar a quem queremos que continue a ir ao jogo, independentemente das cores que apoie.
Porém, ao invés de camuflar o problema, ou andar num eterno debate e combate de aferição de quem é mais culpado, urge descobrir soluções. Como resolver o problema, estando visto que o regulamento de segurança (aprovado pelos clubes na Liga que fazem parte) não está a conseguir dar resposta ao que dele se esperava. Não está porque para qualquer regra há excepção, porque há sempre alguém que recebe um convite, ou até, simplesmente, assume o seu direito de apoiar outro emblema.
Ora, se assim é, como resolver a questão? Uma pergunta melindrosa que deverá começar a ser atacada pela base. Durante o fim de semana, foram dados exemplos do rugby, do futebol americano e mais algumas modalidades. Ora, no futebol, o problema não é exclusivo de Portugal. Muito dificilmente, em qualquer parte do mundo, assistiremos a adeptos misturados. Não devia ser assim, mas a verdade é essa!
Logo, se queremos primar pela diferença comecemos pela base. Em vez de reprimir, ensinar. Ensinar desde tenra idade que, apesar de camisolas diferentes, como alguém dizia ontem aquela pessoa podia ser o irmão, o pai, o melhor amigo, com um vínculo forte. Desde muito cedo, cultivamos as rivalidades. Se uma criança nos diz que é de um determinado clube, inconscientemente (ou não!) provocámo-la afirmando a má escolha que fez. Estaremos nós a cultivar a desejada tolerância? Façam-se campanhas, sessões de esclarecimento, mas ensinem-se os mais novos a aprenderem a estar.
Além disso, incentive-se os clube, a acoplados aos seus estatutos, a criarem códigos de conduta, códigos de ético que o sócio da agremiação deve respeitar, honrando o seu emblema e o outro. Tal englobará o adepto agressor, o adepto provocador, e todo aquele que num espaço público, como é um estádio, não se saiba comportar.
Além disso, torne-se um futebol um espectáculo, um local de convívio antes dos 90 minutos. Um local, onde graças a fanzones, a actividades, adeptos comuns, separados só pelas cores que amam, possam conviver. Demonstrar que em vez de um campo de batalha vão para uma festa… para um jogo em que há três resultados possíveis e duas equipas a apoiar.
Utópico? Mas da utopia, muda-se o mundo!