Ibrahima Bamba e Enzo Fernández têm alguns pontos em comum.
Apesar do primeiro ainda não ter entrado na alta-roda do futebol mundial, enquanto o segundo foi o melhor jogador do último Campeonato Mundial, tendo-se sagrado campeão do mundo, as semelhanças entre si, quase, certamente, serão maiores do que as diferenças.
Ambos nos últimos dias, lembraram-nos o poder quase desmesurado que os jogadores possuem, com o usam e como os clubes – ainda que decidindo de forma diferente nos casos- ficam numa posição melindrosa.
Comecemos por Enzo. Contratado ao River Plate por 10 milhões de euros mais 8 de objectivos, assumiu-se com inusitada facilidade no meio-campo dos encarnados. Um furacão que se tornou notado na Liga dos Campeões e amplificado no Mundial. Porém, o argentino, relembre-se, só tem cinco meses de futebol europeu e na prova de selecções só terá disputado jogos de dificuldade acrescida nos quartos de final e na final da competição.
Falemos, agora, de Ibra, como é conhecido. Depois de temporada e meia na equipa B do Vitória SC, paulatinamente, foi-se afirmando na equipa principal. Primeiro a médio defensivo e, depois, beneficiando da lesão de um colega seu da defesa, a líbero, num esquema destinado a dar segurança defensiva à equipa, mas que, a dada altura, também se percebeu que era a melhor solução para o promover. Fez 24 jogos na presente temporada.
Eis-nos que somos chegados a Janeiro. Enzo, como campeão do mundo, quer sair. Apesar de bater com a mão no peito, tem a cabeça em Londres. Ibra, como uma das revelações da temporada, quer sair. Apesar de jogar todos os desafios da sua equipa, diz-se que actuou no derradeiro contra à sua vontade, forçando uma saída para esse colosso do futebol europeu, chamado FC Copenhaga.
Os clubes, esses, fazem finca-pé. O Benfica, porque só aceita que ele parta pela cláusula de rescisão, aventando-lhe a possibilidade de permanecer no clube até ao final da época. O Vitória, porque sem ninguém a aproximar-se da referida cláusula, porque tem margem negocial e acredita poder ganhar mais num mercado futuro.
Porém, sinais dos tempos, os jogadores reagem como qualquer estudante do secundário, numa qualquer escola deste país. Enzo ameaça fazer um vídeo para as redes sociais a atacar toda a estrutura do seu clube, enquanto Bamba dedica-se a escrever nas stories do seu Instagram mensagens dignas de um qualquer profeta, como: “quem ri por último, ri melhor” e “a vida é um caminho de escolhas.” Um claro sinal dos tempos, em que os homens, em vez de se sentarem à mesa, dedicam-se ao proliferar das redes sociais!
Entretanto Enzo partiu e Bamba ficou… mas, ninguém duvide, que o método utilizado, neste século XXI, pejado de imediatismo e de rápida e doentia difusão da mensagem veio para ficar!