Não sendo matemático, logo passível de crítica, deixaremos aqui algumas razões para o fracasso português frente a Marrocos.
Valerá como qualquer outra análise, pelo que aceitaremos qualquer contraditório.
I – A preparação da equipa
Fernando Santos acertou no onze contra a Suíça. Porém, a verdade é que a selecção marroquina colocava problemas diferentes, desde logo, pelo modo como se posicionava em campo, com uma defesa recuada e com facilidade na basculação. O sistema de jogo português não previu isso e encarou um problema diferente com uma solução igual.
II – O modo como o jogo foi encarado
Portugal deu quarenta minutos a Marrocos; ou seja, o espaço que mediou entre o apito inicial e o golo da equipa africana. Com uma atitude expectante, com um futebol demasiado amarrado, a equipa enredou-se em trocas estéreis de bola, afunilando o jogo e sem progressão. Ramos marcado foi incapaz de ser útil, não conseguindo ser associativo com os demais colegas.
III – Mentalidade
Parece sina nos últimos anos. Quando tudo parece estar na mão, inexpectavelmente rui. Foi assim com a Sérvia na fase de apuramento para este Mundial. Foi assim, por duas vezes, frente a França e Espanha nas duas últimas edições da Liga das Nações. Terá sido assim, ainda que em menor escala, no Mundial de 2018 frente ao Uruguai. O que se passa com os jogadores portugueses, quando parecem ter tudo na mão e soçobram? O síndroma do vira-lata, que passa por falhar quando não é expectável por medo ao sucesso, não era exclusivamente brasileiro?
IV – A capacidade de Santos ler o jogo
Fernando Santos sempre teve muitas dificuldades em adaptar-se ao que o desafio pede. Voltou a ser assim. Com efeito, não se entende a substituição de laterais ao intervalo. Não se entende a troca de Ramos com Ronaldo quando a equipa precisava de dois avançados para fazer dançar a defesa adversária. Não se entende a dificuldade em colocar extremos de linha para alargar o último reduto adversário. Não se entende a não aposta num 4-2-4 que permitisse jogar com dois médios que cobrissem toda o espaço (Otávio e Vitinha) e com dois extremos, um erro que já deriva com a afunildada convocatória, quase só a apostar em jogadores de eixo.
V – Anarquia
Os últimos quinze minutos de Portugal foram agoniantes. Anárquicos nas ideias e nos posicionamentos. A bola até poderia entrar na baliza do seguro Bono. Mas, com tamanha desorganização, as oportunidades escassearam, a insegurança adversária rareou e ficamos com a sensação que se a partida durasse mais duas horas o resultado seria o mesmo.
VI – Desestabilização
Em todas as campanhas há problemas. Portugal é pródigo nesses momentos, não fosse o pai de Satillo. Porém, nesta prova, alguns órgãos de comunicação social afadigaram-se em tudo fazerem para conseguirem destruir o sonho de 11 milhões de portugueses. Arranjando problemas que não o eram, especulando sem bases, criando suspeições, o insucesso de hoje, também, é de alguns paineleiros que respeito pela Equipa de Todos Nós tiveram muito pouco ou nenhum.
VII – Cristiano Ronaldo
Cristiano já não é o mesmo de há 5 anos. Mas este não foi o Mundial dele, deixando-se enredar numa verdadeira novela em que fizeram dele actor principal. Tal, terá influído no seu desempenho, já de si periclitante nesta primeira fase da temporada. Mas, a verdade é que Cristiano não foi o que tem sido desde 2004…decisivo!
VIII – Diogo Costa
Diogo chegou ao mundial como um dos melhores guarda-redes do mundo. Sê-lo-á, sem dúvida, mas esta prova, em vez de ser de sonho, teve pesadelos. Começou logo com aquele surreal momento com o Gana, para acabar, hoje, com um golo que jamais deveria de ter sofrido, Com a sua juventude terá tempo de recuperar e viver inúmeras jornadas de glória pela selecção.
IX – Quebra de elementos importantes
À excepção do crescimento de Félix, esperava-se muito mais de homens como Bernardo Silva, João Cancelo ou João Mário. Teria sido importante que estas soluções demonstrassem a mesma qualidade que têm vindo a demonstrar nos clubes. Não o conseguiram, tal como sucedeu a outros homens como De Bruyne na Bélgica, Gnabry na Alemanha e mais alguns.