Não será um texto meramente a falar de futebol.
Aliás, acho que de futebol, já se fala demais. E mal!
Mal porque, nos dias que correm, com a democratização e estupidificação dos comentadores, aliados à liberdade e libertinagem das redes sociais, todos opinam sobre tudo.
Fazem-no com ódio, inveja, desejando o mal ao vizinho.
Agora sim, falemos de futebol.
Uma qualquer notícia sobre um qualquer clube ou qualquer jogador a elogiá-lo, virá sempre um mal resolvido com a vida arranjar algo para criticar. Recusando-se a ver os aspectos positivos do sucedido, como se só do mal se vivesse.
Vivemos numa época global. Uma notícia espalha-se mais rápido do que um fósforo se esvai. Por isso, são os tempos da difamação, da calúnia. Os tempos em que os difamadores, os caluniadores são protegidos por gente que nem sequer sabe os conteúdos da situação a que aludem. Mas, se é para falar mal do jogador X ou do clube Y vamos “deitar lenha para a fogueira”!
Portugal é o país com mais espectadores de sofá. Portugal é o país em que a maior parte não vai a um estádio porque habita longe da cidade do clube da sua preferência. Portugal é o país com maior taxa de paineleiros sempre afectos aos três mais titulados que espalham ódio, boatos e comentam notícias antes de o serem. Portugal é o país em que a inveja prolifera: se A ganha é porque tem benefícios de arbitragem, se B vence é porque o banco pressionou demais, se C perde com D é porque o presidente do primeiro até é adepto do segundo, se E tem uma massa adepta fiel é porque, em vez de serem apaixonados, são arruaceiros e mal comportados.
Valha-nos ao menos que a maioria dessa gente nem sequer sabe como fazer para entrar num campo de futebol. Valha-nos ao menos que exibem os seus doutos conhecimentos no café da aldeia ou (lá está) nas redes sociais que, ainda, não possuem um botão para silenciar a sapiência saloia ou quem fala sem sequer saber a natureza de factos que nunca assistiu.
Depois queixam-se do futebol português não ser competitivo. Em certa medida, com o seu pensamento, em muito contribuem para isso, tornando o país um rectângulo de 3 clubes. Criticam e abominam o crescimento do Braga mas, hipocritamente, batem palmas ao feito do Leicester. Criticam e odeiam os adeptos do Vitória, mas dizem que em Portugal deveria haver mais emblemas com adeptos com a fidelidade dos da Atalanta. Arranjam desculpas para o crescimento do Vizela, mas aplaudem os feitos do Nottingham Forest. Ridicularizam o crescimento sustentado de Paços de Ferreira e Gil Vicente, mas dão os exemplos do estrangeiro onde tal sucede.
Mas queriam isso?
Pura mentira. Queriam um campeonato a três onde os de sempre jogassem entre si todas as jornadas. Alimentar polémicas reais ou artificiais para poderem debitar baboseiras nas redes sociais, alimentadas por comentadores incendiários. Discutir no café, baseados em jornais que só defendem e falam dos mesmos.
Bem-vindos à realidade do adepto do futebol português!