Confesso não compreender quando um jogador renuncia à selecção do seu país. Ora, se está capacitado para jogar num clube de topo onde aufere milhões de euros, porque não pode despender parte do seu tempo para actuar num espaço onde é apoiado por todos, onde é aplaudido, independentemente de cores, e onde só perde algumas semanas por ano?
Tal pergunta sempre fez parte do meu subconsciente e sempre a fiz quando vi grandes jogadores a abandonarem as respectivas selecções alguns anos antes de terminarem as respectivas carreiras. Seria o sinal da eminência de uma reforma que já se perspectivava, mas, mesmo assim, algo incompreensível.
Se nestes casos já causava estupefacção, o que dizer da decisão do extrema do Benfica, Rafa, em aos 29 anos dizer adeus à equipa das Quinas?
Para além da sua, ainda, juventude, outros factos reforçam a estranheza. Rafa podia ter anunciado a decisão antes da convocatória de Fernando Santos, ou poderia tê-lo feito depois de saber que não fora convocado para os próximos compromissos frente à Chéquia e à Espanha. Ora, não o fez! Seria chamado para os trabalhos da equipa para, posteriormente, anunciar a sua decisão. Porque não o fez antes? Ou, pelo menos, mal saiu a convocatória? Incompreensível, no mínimo!
Além disso, a altura em que o faz, também, causará surpresa. Estamos a dois meses de se jogar um Campeonato Mundial. O primeiro a ser jogado durante uma temporada desportiva. Mesmo não sendo, previsivelmente, titular na equipa que tentará levar Portugal o mais longe possível, certamente, estaria nos 23 escolhidos. As competições em todo o mundo estão e estarão condicionadas por esse evento. Ora, tal não colidirá com maior ou menor importância dadas às obrigações para com um clube. O que leva alguém a prescindir de uma competição que todos consideram como o zénite de uma carreira, o seu apogeu? Ainda mais estranho!
No fundo, as declarações do jogador foram uma mão cheia de nada. Sem qualquer concretização do que lhe ia na alma. Sem qualquer especificação de algo que parece ter sido decidido impulsivamente e sem qualquer base sustentável.
O futebol é, também, feito destas decisões inesperadas…