Ficamos tristes em escrever isto.
Mas, a imprensa desportiva portuguesa ou tem má memória, ou faz uso desta de modo selectivo.
Na verdade, bastará recordar o passado dia 10 de Setembro, no início do campeonato. Em Famalicão, por causa da camisola de um jovem adepto, recriminaram o clube famalicense por não permitir a mistura de adeptos, sectarizá-los, fazendo do clube da casa um perpetrador de monstruosos actos em que as vítimas eram os benfiquistas.
A mesma coisa foi feita em Vizela, em Chaves, onde se propugnou pela política de que os adeptos não deviam ser separados, que os estádios foram feitos para todos estarem em sã convivência, que a aposta devia passar pela união das várias falanges adeptos.
Refira-se que concordamos que assim deveria ser. As imagens do jogo das meias-finais da Liga dos Campeões, disputado entre Milan e Inter, seria o mundo ideal. Ainda que sejam dois clubes da mesma cidade, o que só de si faz que nos grupos familiares e de amigos existam adeptos dos dois emblemas, as imagens de sã convivência entre os apoiantes deveria ser a imagem de marca em todos as partidas.
Porém, para a imprensa portuguesa esse mundo ideal esboroa-se quando em causa está uma partida a envolver dois protegidos do sistema. Aí, num flick-flack invertido à rectaguarda, dá o dito por não dito, desdizendo o que defendera quando só um dos mais titulados entra em campo. Perde a memória e diz o contrário que dissera em Famalicão, Vizela, Chaves, ou outro campo por esse país fora e escreve “Perigo na Bancada. Adeptos dos Dois Clubes Podem Ficar Misturados.”, preocupados com o facto de dos adeptos de dois dos emblemas por si defendidos, poderem ficar juntos, envolverem-se numa rixa e não terem um pequeno para culpar ou condenar pelo sucedido.
Diz-se que percepcionamos o grau de evolução de um país pela qualidade da sua imprensa… se assim é, a nível desportivo, Portugal deveria estar em vias de integrar o terceiro mundo!