O futuro da Académica de Coimbra, um dos emblemas mais históricos do futebol português, está pautado pela incerteza.
Bastará dizer que, hoje, após a derrota caseira, de hojem frente ao Real Massamá, que se encontrava ex aequo com os conimbricenses no último posto da tabela, a velha Briosa, com mais de 135 anos de existência, está no derradeiro posto da Série Sul da Liga 3, a um passo do abismo do Campeonato de Portugal; isto, para um clube que durante toda a sua história jamais houvera caído para além do segundo escalão.
Todavia, apesar dos muitos problemas, ninguém há dois anos, poderia prever tal descalabro. Nesse ano, a equipa, orientada por Rui Borges, roçou o regresso ao escalão principal depois de dele ter caído na temporada de 2014/15 sob a orientação de Paulo Sérgio inicialmente e, depois, de José Viterbo.
Porém, nada disso aconteceria. Depois de ter tudo para obter esse ansiado regresso, as derrotas caseiras frente a Arouca e Vizela, os concorrentes directos, selariam que a liga principal não seria a sala de aula a frequentar pelos Estudantes. Mas, nada que esmorecesse, o sonho de regressar no ano seguinte.
Todavia, esse seria o ano da catástrofe. Um péssimo início de temporada selaria um ano em que o clube teria quatro treinadores, instabilidade directiva e terríveis escolhas a nível de jogadores que jamais demonstrariam a capacidade para alcançar o objectivo que escapara entre dedos no ano anterior. Pior do que isso, o balneário ainda seria sacudido violentamente com o drama de Kalindi, um lateral brasileiro proveniente do Nacional, e que contratado em Janeiro, por problemas de saúde rescindiria quinze dias depois… para morrer no Brasil na semana seguinte! Um prenúncio demasiado trágico para uma temporada em que o clube, apenas, conseguiu vencer por três vezes, selando a descida aos infernos muito cedo e sem uma centelha de rebeldia para lutar contra esse destino.
A presente temporada, essa, não tem sido melhor. Com uma nova direcção, esperava-se que esta fosse capaz de reincendiar paixões. Porém os problemas eram e são mais do que muitos. Desde a difícil situação financeira, com dívidas na ordem dos 6 milhões de euros, com receitas antecipadas e perdas de montantes referentes aos direitos televisivos fruto da descida de divisão, que obrigou o clube a apresentar-se à insolvência e a gizar um plano de recuperação, à acção judicial instaurada pelo banco brasileiro BMG que reclama dos academistas 655 mil euros depois de se gorar a sua entrada como investidor numa hipotética SAD ou até ao aparecimento de um suposto parceiro, tudo tem servido para tornar negro, como as suas camisolas, o futuro de um dos mais tradicionais emblemas do futebol português.
Assim, os resultados desportivos serão, apenas, a consequência desses erros, aos quais se junta uma cidade, cada vez mais, desinteressada pelo presente e pelo futuro do clube. Até quando?