Acabou a primeira série de jogos da selecção portuguesa com Roberto Martinez ao seu leme. Duas partidas de grau de dificuldade quase inexistente, atendendo aos problemas que Lietchenstein e Luxemburgo (não) colocaram.
Porém, de Martinez viu-se, desde logo, a pouca vontade em ser disruptivo. O espanhol apostou nos nomes que Santos apostaria se, ainda, continuasse a ser seleccionador das Quinas. Assim sendo, a ideia de uma desejada renovação do núcleo duro da equipa, é, por agora, uma miragem, bastando ver que só três atletas se estreavam nestas andanças (Celton Biai, ainda que quase por casualidade, Gonçalo Inácio e Diogo Leite). Além disso, bastará lembrar que os imprescindíveis Diogo Costa e Pepe encontravam-se lesionados, o que poderia fazer que esta convocatória, em condições normais, só contasse com uma cara nova depois do longo consulado de Fernando Santos.
Mas, também, o desejo de manter as hierarquias. Cristiano Ronaldo, enquanto estiver na equipa e, atendendo ao que se viu, será imprescindível, pelo menos, até ao derradeiro jogo que a nossa equipa realizar no Campeonato Europeu 2024. É por isso, de modo merecido e irrefutável, o líder da equipa. Contudo, o facto de ter escolhido os demais capitães pelo número de internacionalizações, demonstra a vontade de não melindrar pesos pesados…deitar para trás das costas a influência e a capacidade de liderança de alguns nomes, através da solução mais salomónica possível.
Por fim, destaque para a marca pessoal dos três centrais. Um esquema na moda, mas que perante o modo como os defesas nacionais actuam nos clubes, poderá ser arriscado. Pepe não joga no FC Porto nesse modelo. António Silva também não. Rúben Dias, na maior parte das vezes, no Manchester City, igualmente actua numa defesa com quatro elementos! Serão capazes de conseguirem mudar o chip para assumirem um sistema defensivo diverso do que actuam todas aa semanas? Além disso, falamos de um esquema que obriga a aturado trabalho táctico, talvez o que requer mais treino. Os posicionamentos do líbero, as suas dobras aos demais centrais, as compensações destes aos alas/laterais, a interpretação dos médios dos momentos defensivos/projecção para apoio aos avançados, combinações entre extremos e alas, em suma uma miríade de pontos que necessitarão de aprumo para Portugal ser competitivo contra as mais fortes selecções do Velho Continente.
Contudo, frise-se, algum desafogo surgiu destes jogos. Quantas vezes nos últimos anos, Portugal sofreu, desnecessariamente, neste tipo de partidas?