” – Disse isso aos jogadores ao intervalo, disse para manterem a postura, com foco no jogo, com personalidade. Tivemos uma segunda parte boa, fizemos o golo. E depois não sei, acontecem estas coisas que não deviam acontecer. Sofremos golos que vinham do nada. Ninguém pode sofrer golos que vêm do nada.”
Esta frase de Fernando Santos retratará na perfeição o que tem sido o seleccionador nacional português.
Não esquecendo o tudo que o treinador português conseguiu com a Equipa de Todos Nós, a verdade é que, cada vez mais, parece desenquadrado da missão em que está imbuído.
Na verdade, numa selecção plena de talentos, estrelas maiores dos principais clubes do mundo, parece surreal manter-se um treinador que, para além de uma absoluta incapacidade em rentabilizar os geniais jogadores que tem à sua disposição, ainda assume a sua incapacidade em perceber o que está a acontecer em campo.
Na verdade, já tínhamos percebido essa realidade. As derrotas, quase naif, sofridas contra a Jugoslávia (que nos obrigou a disputar o play-off de apuramento para o Mundial) e contra a Espanha (que nos impediu de disputar o final four da Liga das Nações) confirmaram essas dificuldades em ler o jogo.
Santos será sempre daqueles treinadores que leva um conservador plano para dentro de campo e sente dificuldades em alterá-lo. Por essas dificuldades, quando chamado a mexer na equipa, fá-lo do modo menos ousado possível. Tal sucedeu novamente na partida de hoje. Com efeito, quando Octávio teve de sair lesionado, ao invés de apostar no mais do que óbvio Vitinha ou na capacidade de progressão com bola de Matheus Nunes, ousou fazer entrar William Carvalho. Tal como não percebeu como o Gana marcava golos, também não foi capaz de perceber o que o jogo lhe pedia para se aproximar do êxito.
Por tudo o que fez, ainda que de empate em empate até à glória final, deveremos estar gratos a Fernando Santos. Mas, honestamente, e esperando, ainda assim, que este seja o Campeonato Mundial das nossas vidas, arriscamos como Santos jamais arriscaria e perguntar: ainda falta muito para 2024, altura em que o seu contrato finda?