Sérgio Conceição, ainda, há três meses era um herói no Dragão.
O homem elogiado pela sua capacidade em dar palco a jovens como João Mário, Fábio Vieira e Vitinha e ser campeão nacional.
Mais do que isso, o homem que entrara no período económico mais difícil da história dos azuis e brancos, e com uma equipa depauperada e, mesmo assim, conseguiu ser campeão nacional.
Aliás, essa tem sido a história de Conceição à frente do Porto. Aceitar as directrizes superiores, sempre coarctadas pelas contas e pelo monstro do fair-play financeiro, trabalhar e dar a cara!
Dar a cara perante os seus homens, fazendo-os acreditar que podem ir mais além, perante os adeptos, assumindo objectivos que, por vezes, parece distantes e perante uma administração que vai-lhe cerceando os meios para conseguir obter mais sucesso.
Ou será que as perdas de Luis Diaz, Vitinha, Mbemba, Fábio Vieira, Francisco Conceição, Sérgio Oliveira nos últimos tempos terão sido por determinação do técnico que terá garantido iguais resultados com David Carmo (uma fortuna para um jogador longe da experiência necessária), Eustáquio, Loader, André Franco ou o suplente do Palmeiras, e desvalorizado pela própria administração do Palmeiras, Gabriel Veron? Será que um treinador, por muito bom que fosse, teria condições para repetir feitos passados, perdendo os anéis de diamante e sujeitar-se a ir para a festa com bugigangas, depois de já ter conseguido milagres com nomes como Manafá, Zaidu, Fábio Cardoso e tantos outros? Ou pior, não tivesse o treinador o vínculo emocional e afectivo ao clube que treina, até a gratidão por tê-lo ajudado a fazer-se homem, teria aguentado pedirem-lhe objectivos elevados, com o depauperar de um plantel que, pese as muitas carências, no último dia de mercado contentou-se a pagar 4 milhões de euros por um guarda-redes, para colocar o internacional português, como é Cláudio Ramos, a defender as redes da equipa B?
No fundo, a gratidão que sobra a Conceição, escasseia a quem, cobardemente, apedrejou, na noite de ontem, a viatura onde seguiam a sua mulher e os seus filhos. Escasseia em quem tem memória curta e que julga que com actos criminosos atira para as costas do treinador culpas que não tem. Escasseia num futebol, em que os bestiais serão sempre quem está nos gabinetes e as bestas quem dará a cara pelas decisões destes. É mesmo este o futebol que querem?
PS – Um forte abraço ao treinador do FC Porto que, mesmo com o feitio complicado e truculento que possui, jamais se poderá dizer que não é um homem competente, fiel aos seus princípios e dedicado ao trabalho…e quando assim é, a maioria das críticas são infundadas.