O Vitória SC, um do clubes mais emblemático do futebol português, cumpre, hoje, 100 ano.
Uma data histórica para o emblema fundado a 22 de Setembro de 1922 por um grupo de jovens que, por quererem dar uns pontapés numa bola, ousaram inovar: criar um clube.
Um clube que venceu inúmeros desafios, desde logo o da implantação social, ganhando, quase de imediato, um vínculo indissociável com o tecido social.
Mas, ganhou o desafio da implantação desportiva, conseguindo afirmar-se, primeiro, no distrito e depois a nível nacional. Uma referência que começou na conquista do primeiro campeonato distrital de Braga em 1934, graças a um golo de Paredes, e que levou à cidade vizinha milhares de adeptos e que se perpetuaria no tempo e que teria outro ponto alto quando o clube atingiu a primeira divisão em 1942, bem como a primeira final da Taça, perdida frente ao Belenenses, mas nem assim capaz de demover os adeptos de celebrarem os seus ídolos à chegada, num momento que poderia ser o prelúdio do cântico que muitos anos depois ainda se ouve nas bancadas: “Aconteça o que acontecer…”
Além disso, destaque para o crescimento para além-fronteiras. Desde a década de 60 que os Conquistadores sairiam do rectângulo da Lusa Pátria. Primeiro em digressões a África, onde à chegada da primeira, pelos resultados obtidos, mereceriam apoteótica recepção no centro da cidade. Seria o arranque para as participações nas provas europeias, com especial destaque para a da temporada 1986/87, onde a equipa haveria de chegar aos quartos de final da Taça UEFA, só sendo travada pela neve e frio glaciar de Monchengladbach. Mas, além disso, até por ter sido o primeiro clube português a descobrir o mercado brasileiro de jogadores, com a contratação de Ernesto Paraíso, a que se seguiriam Carlos Alberto e Edmur, o primeiro bola de prata do clube em 1959.
Porém, apesar dessa afirmação, seriam necessários esperar 66 anos para obter a primeira grande vitória da sua história, na Supertaça Cândido Oliveira, frente ao FC Porto, graças aos golos de Décio António e de N´Dinga e a uma grande exibição de Neno na segunda mão nas Antas e 91 para, à sexta tentativa, vencer uma Taça de Portugal. Estávamos em 2013, o adversário era o Benfica, e os golos de Soudani e de Ricardo Pereira serviriam para despoletar a alegria dos 15000 adeptos que estavam nas bancadas do Jamor e mais do dobro no Toural, o eterno centro nevrálgico do Berço de Portugal.
Porém, os vitorianos, também, vivem tempos de desafio. São públicas as suas dificuldades. Mas, desde sempre, analisando a sua história, foi nas maiores tempestades que apareceram os melhores momentos, as melhores soluções. Terá sido assim nos anos 60 em tempo de crise directiva e financeira, e em que a venda dos jogadores Augusto Silva e Pedras ao Benfica, a troco de dinheiro e de 7 jogadores, ajudou a estruturar praticamente uma década, terá sido assim nos inícios da década de 80, em que após alguma instabilidade directiva, Pimenta Machado pegaria no leme para liderar o clube por 24 anos, terá sido assim quando a equipa após ter sido despromovida em 2006 à Segunda Liga, regressou forte e pujante conquistando um terceiro lugar com apuramento para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões (nenhum adepto do futebol poderá esquecer aquela decisão de arbitragem em Basileia, que negou a entrada na fase de grupos), terá sido assim quando em agonia financeira conseguiu vencer a Taça de Portugal.
Para a história ficarão nomes como Armando Freitas, Puskas, Virgílio, Paredes, Zeferino, Alexandre, Ferraz, Machado, Ernesto, Edmur, Carlos Alberto, Rola, Franklim, Caiçara, Costeado (os dois, Peres, Mendes, Djalma, Joaquim Jorge, Manuel Pinto, Rodrigues, Carlos Manuel, Tito, Rui Rodrigues, Jeremias, Osvaldinho, Daniel, Jesus, Cascavel, Nascimento, Adão, Ademir, Carvalho, Ziad, N´Dinga, N’Kama, Jesus, Neno e tantos outros mais recentes que ajudaram a construir uma história longa e com muitos episódios… mas a vida é assim que é feita!