Em Espanha, um histórico está em vias de ser despromovido.
Com efeito, todas as sirenes soaram no Valencia clube dos portugueses Thierry e André Almeida, depois da derrota caseira frente ao Sevilha, já que a equipa caiu para o décimo oitavo posto da tabela, abaixo da linha de água.
Na verdade, a equipa encontra-se a três pontos do Almeria, a primeira equipa acima da linha de água ainda que com desvantagem no confronto directo. Pior do que isso, não existe sequer a sombra da reacção que a chegada do treinador Rúben Baraja causou nos seus dois primeiros jogos no cargo.
O efeito do novo treinador, contudo, foi esporádico. Após uma melhoriaa, a equipa voltou a fracassar, soçobrando, inclusivamente, contra adversários a lutarem pelos mesmos objectivos.
É, pois, preciso um milagre. Traduzido em termos numéricos: em nove jornadas, tem de ganhar mais dois jogos do que o Almería, o Getafe, o Cádiz ou o Valladolid.
A equipa entrou numa fase de declínio com um culpado e várias pessoas a culpar. Acima de tudo, Peter Lim, o accionista de Singapura, transformou o projecto desportivo de Valência em algo consoante os seus interesse do momento, Deslumbrado com o que Gennaro Gattuso tinha representado como jogador, Peter Lim apostou no técnico italiano. Este decidiu sobre quem contratar, quem vender e apostou em Miguel Corona como secretário técnico. Contudo, quando as dificuldades começaram e o treinador percebeu a inércia de Lim, abandonou a equipa!
Depois disso, foi tudo um disparate que mostrou que não há ninguém ao leme. A equipa foi entregue a Voro indefinidamente, assumindo que a partida de Gattuso fora um mal menor. O chefe da equipa deixou o presidente Layhoon – que em assuntos desportivos actua como um mero veículo de transmissão entre Peter Lim e Corona – saber que Valência afundaria se não resolvesse a situação primeiro com um verdadeiro treinador.
E foi aí que o Baraja entrou: pensava-se que a sua falta de experiência na primeira divisão era compensada pela sua ascendência sobre os adeptos por ser uma lenda do clube, enquanto jogador. O treinador foi também a opção mais barata entre as que existiam, não colocando qualquer condição para a próxima época.
A melhoria inicial, forjada na concepção de melhores conceitos defensivos, entrou em curto-circuito antes da pausa para as selecções. Também tev a infelicidade – que deve ser tida em conta na concepção do plantel – de ser acometido por lesões de jogadores chave como Kluivert. Nesta tempestade, que é p perfeita, mesmo Cavani, uma sombra do que já foi, revoltou-se contra o treinador por uma substituição que considerou imerecidaa.
A questão das arbitragens merecerá uma menção à parte. O desempenho de Del Cerro Grande no Mestalla contra o Sevilla é mais um numa série de erros, decisões incompreensíveis e interpretações surpreendentes. Mas a reacção do clube, com a intervenção do seu director corporativo Javier Solís, não representa os cerca de 2.000 adeptos que rodearam a fachada principal do estádio após o jogo. Os adeptos de Valência queixaram-se da arbitragem, mas protestam contra Peter Lim e os executivos que fazem parte de uma estrutura de poder que está prestes a levar Valência ao segundo escalão.
Quase dependem de um milagre…