Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

Uma Verdadeira Fortuna!

Estávamos a 13 de Maio de 2012. Aquele 94º minuto, altura em que Sérgio Aguero apontou o golo do triunfo frente ao Queen’s Park Rangers, marcaria o regresso dos Cityzens, na altura treinador por Roberto Mancini, aos títulos.

Contudo, na história do clube haverá outro golo emblemático. Ainda aconteceu no século passaado, mais precisamente a 30 de Maio de 1999. Nesse dia, em Wembley, frente ao Gillingham, estava em jogo a promoção à então chamada First Division, a antecâmara da Premier League. Nesse ano, os Cityzens, então no terceiro escalão, lutariam até ao último sopro pela promoção directa no campeonato. Falhariam, apostando tudo nos playoff. Nestes, após derrotarem o Wigan, a duas mãos, nas meias finais, marcariam encontro com o Gillingham em Wembley.

A final seria digna de Hitchcock. Perante 80 mil espectadores, os Cityzens haveriam de sofrer dois golos aos 81 e 87 minutos. A desejada promoção parecia morrer, estar a fugir entre os dedos. Porém, um golo de Horlock aos 90 minutos, faria acreditar num milagre. Como haveria de suceder 13 anos depois, no último sopro do jogo, e tal como Aguero faria, Paul Dickov aproveitou uma série de ressaltos para empatar, de modo inesperado, a partida. Depois de um prolongamento sem histórias, o City haveria de vencer nas grandes penalidades, conseguindo a promoção, de modo quase impossível.

Seguir-se-ia no seguinte a promoção à Premier League para voltar ao segundo escalão no ano seguinte e uma nova promoção de modo subsequente. Desde 2002, o clube azul de Manchester tem conseguido manter-se no principal escalão do país. Porém, seria, apenas, a partir de 2008, com a aquisição do clube pelo grupo Abu Dhabi que atingiria a excelência de hoje.

Desde esse momento, clube para além de ter contratado os maiores talentos do futebol seja dentro das quatro linhas, seja no banco de suplentes, também ganhou:

  • Seis Premier League;
  • Duas taças de Inglaterra;
  • Seis Taças da Liga;
  • Três Community Shield;


A única coisa que tem faltado é a glória europeia, desperdiçada por pouco em 2020/21 ao perder a final da Liga dos Campeões para o Chelsea.

Porém, a pergunta que se impõe é quanto custou transformar uma equipa mediana numa superpotência mundial, capaz de atrair os melhores e mais caros jogadores do mundo?

De 2008 a 2021 (os últimos números disponíveis do balanço), 1,54 mil milhões de euros foram gastos no Manchester City. Ora, sob a forma de empréstimos (posteriormente convertidos em capital) ou aumentos de capital, tudo isto sem ter em conta o quanto os donos árabes investiram, sendo que números que muitas vezes acabaram na mira da UEFA por violações do fair-play financeiro, mas também da Premier League.

De facto, na sequência do impulso de Abu Dhabi, o Manchester City viu o seu volume de negócios (líquido de ganhos de capital) crescer 556%, de 109 milhões de euros em 2008/09 para 641 milhões de euros em 2020/21, enquanto os custos “apenas” cresceram 292% (de 201 para 707 milhões). Entretanto, também não houve falta de investimento no mercado: Os Cityzens, de acordo com os números do seu balanço, realizaram despesas líquidas (ou seja, custo dos jogadores comprados menos o valor dos jogadores vendidos) de 1,4 mil milhões de euros. Uma verdadeira fortuna, sendo a temporada de 2016/17 a que mais o clube gastou em jogadores, com um dispêndio de 192,8 milhões de euros. Este ano, a equipa de Guardiola “ficou-se” pelos 117,5 milhões. No conjunto, desde 2008, tal representou um resultado líquido negativo de 791,1 milhões de euros. Colossal!