Quem acompanha o futebol argentino ou quem é fanático dos jogos de simulação futebolísticas, como o Football Manager, já deve ter ouvido falar de um argentino chamado Ezequiel Cirigliano. Era o novo Mascherano, lendário volante argentino.
Formado no River, ao lado de nomes como Nicolás Tagliafico, seria visto, desde logo, como um futuro internacional argentino, um homem com o mundo a seus pés… se não fossem as depressões e o mundo do crime que o fizeram ser preso, mais uma vez, no passado Sábado, por tentativa de roubo à mão armada.
Porém, tudo começaria pelo melhor. “Equi” estrear-se-ia, em 2010, com 18 anos nos Milionários de Buenos Aires, naquele famigerado ano em que a equipa caiu no segundo escalão argentino. Aí, ao lado do mítico Matias Almeyda, que o via como futuro titular da equipa albiceleste, brilharia.
Desencadearia o interesse de clubes como o Manchester City, o Barcelona, o Nápoles, numa altura em que a depressão, esse inimigo silencioso, já espreitava. Pior ficaria, quando o seu pai foi preso em Itália, acusado de tráfico de droga.
Por essa razão, quis partir a todo o custo. Seria emprestado ao Hellas Verona da Serie A italiana, onde se esperava que fosse o sucessor de Jorginho (actualmente no Chelsea) e, na altura, vendido ao Nápoles. Contudo, as lesões e a falta de adaptação ao futebol europeu fizeram-no voltar ao River, onde o treinador Marcelo Gallardo esperava fazer dele uma peça fundamental da equipa. Desencadearia, por isso, um conflito com o clube por querer sair, regressar a Itália. Tal faria com que fosse afastado do grupo, passando a treinar à parte e depois com as reservas, o que fez com que o seu estado depressivo se agravasse.
Porém, mereceria outra oportunidade… que seria desperdiçada. Em 2015, seria detido por conduzir embriagado, sem habilitação legal e, mesmo assim, ter resistido a essa detenção. Começava a sua queda no abismo, pois seria afastado do clube, assumindo um caminho errante que o levaria, inicialmente à MLS, ao Dallas, ainda que sob a condição de emprestado.
A aventura duraria seis meses, seguindo-se o Tigre onde haveria de jogar, apenas, por seis vezes. Era o momento em que o River desistiria dele, rescindindo o seu contrato. Daí, rumaria ao Atlético Tucumán, onde jogaria, apenas, por três vezes. Pior do que isso, na sua estreia, o seu pai que assistia ao jogo nas bancadas, sentir-se-ia mal, seria levado para o hospital, onde morreria passados poucos dias.
Tentaria a sorte no México. Na segunda divisão, no Zacatepec da segunda divisão ganharia alguma estabilidade. Faria três temporadas e rumaria ao Chile ao San Luis Quillota, onde marcaria o único golo da sua carreira profissional. Mas, seria aí, que tudo ruiria definitivamente. Cortejado por um clube da liga principal americana acreditava ter redescoberto o caminho. Já à procura de casa em Terras do Tio Sam veria o acordo malograr-se e, quase de seguida, separar-se da sua companheira.
O recomeço seria difícil. No Godoy Cruz faria, apenas, um jogo, para, na época passada, comprometer-se com o Albalonga, da Série D italiana, onde actuou duas vezes. Pior do que isso, demonstrava um espírito cada vez mais sombrio e fazia-se acompanhar por personagens muito pouco recomendáveis.
Aos 30 anos de idade, não foi capaz de retomar a sua carreira. Os golpes da vida e as más decisões que teve de tomar encurralaram-no gradualmente até desembocarem num último e triste capítulo: vestindo uma camisola do Paris Saint-Germain, calças compridas e largas com o emblema do Boca Juniors, um casaco preto da Adidas e ténis Nike brancos, foi preso pela polícia com uma arma de fogo de calibre 9 milímetros, com onze munições intactas no carregador e uma na câmara, enquanto invadia uma casa para a assaltar!
Triste fim para quem tanto prometeu…