Confessamos não entender as directrizes da FIFA no que tange a direitos humanos.
Narremos esta história para percebermos onde as mudanças de direcção e o valor do dinheiro conta sobre a Confederação das Confederações são capazes de chegar.
Com efeito, foi com choque que a Football Australia, a entidade responsável por acolher o Campeonato Mundial feminino a realizar no próximo Verão, ficou a saber que a FIFA pretendia fazer do departamento de turismo da Arábia Saudita, a Visit Saudi, uma das maiores patrocinadoras da prova. Tal ceryeza baseava-se por relatórios tornados públicos desde Janeiro passado, em que era comprovada a ligação entre a Confederação das confederações e a referida entidade pertencente a um país onde a violação dos direitos humanos são recorrentes.
Na verdade, embora algumas restrições às mulheres na Arábia Saudita tenham sido levantadas recentemente, no ano passado o país condenou Nourah bint Saeed al-Qahtani a 45 anos de prisão depois desta ter expressado as suas opiniões sobre as redes sociais. Salma al-Shehab, uma estudante da universidade de Leeds, foi condenada a 34 anos de prisão por usar o Twitter para retocar as opiniões dos activistas.
Porém, existirá uma esperança que seja um mero boato. Na verdade, fontes próximas do Football Australia esperam que a falta de qualquer anúncio público de um acordo, combinada com uma oposição generalizada dos vários intervenientes no jogo, crie uma janela para a Fifa mudar de ideias sem perder publicamente a face e sem ter tido a necessidade de anunciar publicamente a parceria.
A confirmar esta tese, o chefe executivo da Football Australia, James Johnson, deixou claro na Segunda-feira que a sua organização “não se sentiria à vontade” com qualquer acordo com a Visit Saudi.
“- Embora a parceria não tenha sido confirmada pela Fifa, com base nas consultas que tivemos com a nossa comunidade, os principais interessados e a nossa própria posição, não nos sentiríamos confortáveis com ela. Enquanto aguardamos mais clareza e informação sobre os detalhes da parceria da Fifa, continuamos a transmitir esta mensagem clara em nome da Football Australia, da New Zealand Football, e da nossa comunidade”, concluiu.
Refira-se que depois do patrocínio da Visit Saudi ter sido sugerido, o mesmo foi descrito como “bizarro”, “totalmente inadequado” e “ultrajante” pelas jogadoras da equipa americana Alex Morgan e Megan Rapinoe, com Morgan a exortar a Fifa a “fazer o que está certo”. A atacante holandesa Vivianne Miedema disse à Fifa que deveria “sentir-se profundamente envergonhada” por sequer a considerar.
Os direitos humanos só importam se não derem dinheiro…