Ángel Correa, para além do extraordinário jogador de futebol que é, terá uma história que merecerá ser narrada.
Nascido em 1995, em Rosário, o local da Argentina que mais talentos brota numa curiosa relação entre o meio e o que daí surge, teria, desde logo, de brotar com a pobreza; a extrema pobreza que fez com que vivesse com dificuldade, com que familiares, por falta de cuidados médicos morressem e um sem número de dificuldades que impediu que tivesse infância.
A ajudar a isso, o facto de ter de compartilhar a casa e os cuidados parentais com nove irmãos, ainda para mais, a morar num dos bairros mais pobres e violentos do país, ao ponto de assumir que “o meu bairro é muito f****, perdi vários amigos que se envolveram em tiroteios.”
Aos 10 anos de idade, a sua vida ainda conseguiria tornar-se pior. Perderia, de modo súbito, o seu pai… passava a ser o homem da casa e a assumir responsabilidades que, possivelmente, nenhuma criança está preparada para assumir. Assim, todo o dinheiro que ia ganhando no futebol era dado à sua mãe para ajudar a família a alimentar-se. Chegaria a confessar os jornal El País que ” as únicas entradas de dinheiro que existiam em casa provinham de eu jogar futebol. Com esse dinheiro tinha de comer, bem como a minha mãe e os meus irmãos.”
Para piorar a situação, dois anos depois haveria de morrer o seu irmão mais velho. Uma história destinada à tragédia e que parecia não ter condições para acabar bem, ainda que no futebol começasse a dar nas vistas. Por essa razão, em 2013 estrear-se-ia na equipa sénior do San Lorenzo, tornando-se titular e vencendo o Torneio de Abertura…será que tudo iria mudar?
A dar nas vistas, começava a ser cobiçado. Era a porta de saída para a miséria. Em 2014, assinaria pelo Atlético de Madrid a troco de 7 milhões de euros. A história parecia ter um final feliz, até que… nos testes médicos para confirmar a sua assinatura com o emblema colchonero foi-lhe detectado um problema cardíaco (um quisto num ventrículo) que o iria obrigar a ser operado…colocando a sua promissora carreira em risco!
Seria operado ao coração nos Estados Unidos, o que lhe deixou uma cicatriz no peito que, hoje, orgulhosamente, ostenta. Uma operação morosa que, hoje, o jogador recorda como “podia ter morrido na operação. Sabia que me iam operar mas só pensava em recuperar para voltar a jogar. Estava com tanta ilusão, tinha acabado de. chegar a Madrid.”
Sobreviveria e passaria por um longo período de convalescença que impediu que jogasse futebol durante um ano… Estrear-se-ia, apenas, na temporada de 2015/16, num desafio frente ao Numancia em que marcaria um golo a passe de uma das maiores lendas do clube, Fernando Torres.
A demonstrar o seu talento e a capacidade de desequilibrar qualquer partida, estrear-se-ia pela Alviceleste em Setembro de 2015. Seria a primeira de vinte e duas partidas jogadas na sua selecção.
Passados 343 jogos no clube de Madrid e 52 golos é, já, uma lenda no Atlético… para tornar a sua vida uma verdadeira fábula faltará o mundo na sua selecção!