Sabemos que existem páginas que, apenas, se preocupam em falar dos clubes mais fortes.
Aliás, na prosápia, ou deveremos antes dizer tretas, que escrevem, a preocupação é analisar (como se o futebol real fosse uma espécie de Football Manager, onde é possível ser campeão europeu com os Passarinhos da Ribeira) como os clubes grandes, como escrevem, devem fazer para bater os menos fortes, os pequenos como escrevem… Aliás, vomitam linhas e linhas sobre os mesmos de sempre, mas a ignorância com que olham para o fenómeno futebol impede-os de debitar cinco palavras sobre os outros conjuntos.
Porém, até os desculpamos…
Essa prosápia de mau-gosto, própria de quem vê o futebol apenas do sofá e incapaz de ver mais além é um vício infeliz do futebol português. Um vício ao qual o Jornal de Notícias hoje dá especial relevo, ao escolher as revelações do campeonato. Mas fê-lo de modo surreal, inusitado e de mau-gosto como se existissem dois campeonatos paralelos em Portugal: o dos quatro primeiros classificados e o dos demais.
O próprio jornal justifica a escolha, dizendo que o critério foi “um dos grandes e dois dos restantes.” Assim “para a elaboração deste trabalho, o JN contactou seis treinadores portugueses de futebol, que de momento não se encontram a orientar equipas da Liga principal. A este conjunto de técnicos foi pedida a indicação de um futebolista revelação, entre as equipas que ocupam os quatro primeiros lugares da classificação, e mais dois jogadores que tenham particularmente surpreendido, a seleccionar entre os que integram o restante grupo de 14 equipas que competem neste campeonato…” O estranho é que treinadores como Manuel Cajuda, Manuel Machado, Henrique Calisto, Francisco Chaló, Miguel Leal e Carlos Azenha que sabem bem o que dói na pele esta discrepância de tratamentos tenham aceite entrar neste ridículo, discriminatório e inusitado exercício.
Lamentamos que em pleno século XXI, ainda, se adoptem estas peças jornalísticas de tempos de outra senhora. Em que num campeonato global se distingam as equipas, impedindo-se um crescimento sustentado e harmonioso do mesmo… depois, serão esses mesmos escribas a lamentarem-se da discrepância de tratamento na Europa do futebol ou do Norte em relação ao resto do país. A discriminação só dói quando a sentimos na pele…