Costuma-se dizer que um jogador ou treinador é caro, atendendo ao que ele produz… Caso se mostre capaz de ser rentabilizado, quer monetariamente e/ou desportivamente, tornar-se-á barato.
Graham Potter, treinador do Chelsea, até ontem, levar-nos-á a reflectir nesta asserção de modo peculiar. O antigo treinador do Brighton foi contratado em Setembro, tendo os londrinos pago ao seu anterior clube a quantia de 25 milhões de euros para poder passar a contar com os seus préstimos. Tratava-se de uma aposta fortíssima, que tornava Potter, nesse momento, na transferência mais cara da história ao nível de treinadores, suplantando a aquisição de Julian Nagelsmann (também ele já despedido) pelo Bayern ao RB Leipzig por 20 milhões de euros.
O treinador tudo tentou fazer para melhorar o Chelsea, num projecto que a propriedade norte-americana, encabeçada por Todd Boehly, dizia ser a longo prazo. Por essa razão, para o treinador ter argumentos para levar o seu trabalho a bom porto, no passado mês de Janeiro, já quando o seu trabalho era questionado, a administração do clube que actua em Stamford Bridge gastou 330 milhões de euros em reforços, com Enzo Fernández, que custou 121 milhões de euros, à cabeça.
Desse período até agora passaram dois meses. Os dois meses que custaram o trabalho ao treinador, pouco se preocupando o Conselho de Admininistração do Chelsea de saber se uma equipa, apesar de qualidade dos seus elementos, se faz por geração espontânea, ou se uma pré-época em competição é exequível com os objectivos desportivos que uma equipa que tudo deve aspirar é capaz de cumprir.
Assim, a derrota por dois golos sem resposta, sofrida em casa frente ao Aston Villa, custou caro ao antigo treinador do Brighton. Ele, que chegou ao banco do Chelsea em Setembro, substituindo Thomas Tuchel (agora no Bayern de Munique),
Com o anúncio oficial do Chelsea, que confirará a equipa a Bruno Saltor, adjunto de Potter desde os tempos do Brighton, a experiência do treinador inglês chegou ao fim após 31 jogos com os Blues com apenas 12 vitórias entre a liga, Taça FA, Taça da Liga e Liga dos Campeões. Considerando o custo da cláusula paga pelo clube liderado por Todd Boehly, cada sucesso trazido por Potter custou mais de 2 milhões de euros.
O antigo treinador do Brgihton deixa, por isso, o Chelsea na 11ª posição na Premier League a 12 pontos do quarto classificado, o Manchester United, fora da FA Cup e League Cup com eliminações, em ambos os casos, às mãos do Manchester City de Pep Guardiola. A única satisfação é a disputa dos quartos de final da Liga dos Campeões, a ser jogada contra o Real Madrid, depois de eliminar o Borussia Dortmund nas oitavas-de-final.
Apesar de tudo, deixamos uma questão. Boehly, o dono do clube, com larga experiência na propriedade de franquias do futebol americano, já se terá deixado contaminar pelos (maus) vícios do futebol europeu? Três treinadores numa temporada não é apanágio do futebol inglês!