Estávamos em 2020…
O Toulouse, clube de uma das maiores cidades francesas, em agónica situação desportiva e financeira, passava para mãos norte-americanas. Com efeito, o fundo norte-americano RedBird comprava 85% das acções do clube por 20 milhões de euros e propunha-se a uma árdua missão. Esta passava por fazer regressar a equipa violeta, o mítico Têfêcê, como os adeptos lhe chamam, ao principal escalão gaulês e, acima de tudo, despertar uma região para o futebol, já que o rugby na cidade é mais do que um desporto…é uma religião, com o Stade Toulousain a despertar momentos marcantes de fé.
O fundo norte-americano, esse, lançou mãos à obra. Com Gerry Cardinale, o detentor do referido fundo, a referir que ” estamos empenhados em construir uma base sustentável e de longo prazo para o sucesso do clube, melhorando o seu desempenho desportivo em campo, as suas operações comerciais e a sua contribuição para a comunidade. Esperamos trabalhar com a cidade de Toulouse e com a região da Occitânia para fazer regressar o Toulouse FC a um nível de elite e elevar toda a cidade de Toulouse através do seu êxito a longo prazo”, o trabalho parecia ser árduo, desde logo pelo facto do clube precisar de sair do segundo escalão para se afirmar.
Para isso, optaram por um método científico. Com um orçamento inferior a 30 milhões de euros, o Toulouse virou-se para dentro. Apostou nos jovens talentos da sua academia e baseou as suas contratações na tecnologia, recorrendo à análise avançada de dados, com dez critérios a preencher para avançar para a contratação de jogadores. O êxito de tal política foi absoluto: a equipa, depois de um primeiro ano em que foi eliminada nos play-off de promoção/despromoção pelo Nantes, regressou ao principal escalão na época de 2021/22. A ajudar, novamente, a análise avançada de dados, que previu que a equipa seria promovida juntamente com o Ajaccio; assim, sucedeu!
Porém, a comprovar a excelência do método de análise, Philippe Montanier foi considerado o melhor treinador, o inglês Rhys Healey, contratado ao MK Dons, o melhor marcador e seis jogadores estiveram no onze do ano… uma obra prima, que teria continuação no presente ano!
Assim, a equipa, de regresso ao principal escalão gaulês, comprovaria o bom trabalho efectuado. Garantiu a manutenção sem problemas e, ontem, colocou a cereja no topo do bolo, ao ganhar a Taça de França, ao golear o Nantes, no Stade de France, por cinco bolas a uma, o mesmo Nantes que lhe houvera negado a promoção em 2021. Um êxito que não sucedia há 66 anos, desde 1957, e que promete hoje que o Capitole, local de celebração na cidade, comemore algo que nada tem a ver com o rugby. Na verdade, o futebol, também, é capaz de dar alegrias à cidade!
Uma verdadeira história de sucesso, graças a saber-se trabalhar com os meios à nossa disposição…