As entidades brasileiras continuam a trabalhar na criação de uma Superliga, que até já tem nome escolhido. Será a Libra (iniciais de Liga Brasileira) e de acordo com uma notícia da agência noticiosa Reuters, poderá ter o forte impulso da Mubadala, um empresa estatal dos Emirados Árabes Unidos que poderá ser classificado como fundo soberano.
Depois do arranque do processo levado a cabo pelo Banco BTG Pactual e a Codajas Sports Kapital, numa reunião dos impulsionadores da Libra, ontem, foi aprovado o encetar de negociações com a referida Mubadala Capital. Apesar de não se conhecerem números oficiais, especula-se que esta esteja disposta a investir 971 milhões de dólares para contar com uma participação de 20%.
Refira-se que este projecto conta com seis clube fundadores: Bragantino, parte da galáxia RedBull, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo.
Vamos, agora, tentar decifrar o universo Mubadala.
Trata-se um fundo soberano que gere uma carteira diversificada de activos e investimentos nos Emirados Árabes Unidos e no estrangeiro para gerar retornos financeiros sustentáveis para o seu accionista, o governo de Abu Dhabi.
Em Itália, fez manchetes quando o fundo americano Elliot estava em negociações com a Investcorp (do qual a Mubadala detém 20%) para a venda do Milan, antes de tornar oficial o negócio com a Redbird.
A empresa com sede nos EAU gere 243 mil milhões de dólares em activos e abrange seis continentes, com interesses em múltiplos sectores e classes de activos. Com sede em Abu Dhabi, a Mubadala tem também escritórios em Londres, Rio de Janeiro, Moscovo, Nova Iorque, São Francisco e Pequim. Como mencionado, Mubadala não é nova no mundo do futebol, mas mesmo antes de ser abordado pelo AC Milan, a sua experiência futebolística envolveu o Manchester City, mais uma vez de uma forma indirecta.
Várias figuras da direcção do fundo soberano estão ligadas ao clube campeão da Premier League. O vice-presidente de Mubadala é Mansour bin Zayed Al Nahyan, CEO dos Cityzens e proprietário do Grupo Abu Dhabi United.
A sociedade de investimento de Al Nahyan detém 77% do City Football Group, a sociedade holding que controla o Manchester City. Não só isso. O CEO da Mubadala é Khaldoon Khalifa Al Mubarak, presidente do Manchester City e do Abu Dhabi United Group, bem como um colaborador de confiança do próprio Sheikh Mansour.
Acresce ainda, que em Janeiro de 2022, o Manchester City assinou dois acordos de patrocínio com empresas pertencentes ao grupo Mubadala. A primeira com a Masdar, uma empresa de energias renováveis fundada em 2006 e sediada em Abu Dhabi. A segunda com a Aldar Properties PJSC, que se tornou um parceiro imobiliário oficial dos Cidadãos.
Será que o ambicioso projecto brasileiro tem pernas para andar?