Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

Sede de Vingança…

Foi uma das imagens do Mundial de 2010, disputado na África do Sul.

Nos quartos de final, disputava-se o desafio entre as selecções do Gana e do Uruguai.

Depois de 120 minutos equilibrados, com a partida empatada a um, graças aos golos de Sulley Muntari e de Diego Forlán, acontece o momento do jogo. Aduyah cabeceia para a baliza deserta, após a saída extemporânea do guardião Muslera. A bola parece que vai entrar, mas Luis Suárez, em voo, faz uma defesa que nenhum guarda-redes desdenharia.

Olegário Benquerença, o juiz português que apitava a partida, não teria dúvidas. Jamais as poderia ter, atendendo ao descaramento do avançado sul-americano. Era, indiscutivelmente, o derradeiro lance da partida… o passe para a glória de uma selecção africana chegar pela primeira vez às meias-finais da máxima prova mundial por selecções, ainda para mais no seu continente.

Mas… o avançado, apesar de chutar com toda a sua força, com toda a sua alma, remataria por cima da barra, permitindo que a eliminatória fosse decidida pelo desempate pela marcação de pontapés de penalty. Dez minutos mais tarde, e depois de Muslera ter defendido dois remates dos jogadores africanos, o Uruguai, passados 40 anos, estava de regresso a uma meia-final de um Campeonato Mundial.

Decorreram 12 anos. Estamos, pois, em 2022 e no final do ano disputar-se-á mais uma prova máxima de selecções. Desta feita no Qatar. Quiseram os desígnios do sorteio que dois integrantes do grupo da selecção das Quinas, a Equipa de Todos Nós, fossem o Uruguai e o Gana. Tal levará ao reeditar desse célebre desafio que nenhum ganês ou uruguaio consegue varrer da memória.

Porém, haverá um que, certamente, todas as noites reverá mentalmente o lance. Falamos de Asamoah Gyan, o homem que enviou a bola violentamente para a bancada do estádio de Joanesburgo, ao invés de a fazer beijar, de modo doce, as redes adversárias. Por isso, tomou um resolução. Aos 36 anos, sem clube, depois de, na última temporada, ter jogado no Legon Cities do seu país, tentará colocar-se em forma para actuar no Mundial, de modo a enfrentar a selecção que marcou a sua carreira (e a sua vida!) para sempre. Como o próprio referiu aos microfones da BBC “do ponto de vista de talento nada me falta. Só tenho de me preparar fisicamente! Os ganeses pretendem vingança.”

Para aferirmos se a mesma ocorre no próximo dia 2 de Dezembro, data do encontro das duas selecções…