Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

Quem é Jim Ratcliffe, o Homem Que Quer Comprar o United?

I

Ontem, o mundo do futebol sacudiu-se com uma novidade.

Jim Ratcliffe, um dos homens mais ricos de Inglaterra, apresentou uma proposta para adquirir o Manchester United à família Glazer.

Ele que, aquando da venda do Chelsea por parte de Abrahmovich tentou entrar sem êxito no negócio de aquisição, confirmou ter-se registado junto do banco responsável pela venda, de modo a obter os documentos financeiros necessários para apresentar uma licitação, num processo que formalmente começará no próximo mês, esperando-se que esteja concluído até ao final da temporada.

Ratcliffe é o proprietário da Ineos, uma das empresas mais relevantes do sector químico, sendo que isso ajudou-o a adquirir uma das equipas de maior sucesso no desporto britânico, nomeadamente a Team Sky de ciclismo, que dominou o último Tour de France e que compete agora sob o nome de Ineos Grenadiers.

Além disso, em Dezembro de 2020, a empresa adquiriu uma participação de 33% na equipa de Fórmula 1 da Mercedes. Já principal parceiro da equipa de Fórmula 1, a Ineos tornou-se assim um parceiro em pé de igualdade com a empresa-mãe Daimler, que reduziu assim a sua participação dos anteriores 60%, e o director da equipa e chefe executivo Toto Wolff, cuja participação subiu de 30% para 33%.

Mas acima de tudo Ratcliffe, por muito fã do Manchester United que possa ser, confirmou em várias ocasiões no passado que teve “conversas” com Roman Abramovich para comprar o Chelsea com uma oferta que poderia chegar a 2 mil milhões de libras esterlinas.

Contudo, acabaria por entrar no mundo do futebol através da Liga francesa. Assim, em Agosto de 2019, a Ineos formalizou a compra de Nice com base em cerca de 100 milhões de euros. A transacção levou à saída do consórcio sino-americano liderado por Chien Lee e Alex Zheng – que detinham 80% da sociedade – e do presidente Jean-Pierre Rivère, a quem pertenciam os restantes 20% do clube.

Ratcliffe até aos 37 anos era um homem a quem não se antevia um futuro rodeado de milhões. Porém, em 1989, seria convidado para trabalhar em participações privadas, juntando-se à Advent International, que, com apenas cinco anos de actividade, já tinha lançado três fundos que tinham-lhe permitido angariar perto de 470 milhões de dólares.

Porém, não ficaria por aí. Em 1992 fundou a Inspec, uma empresa que se dedicava à compra de activos de qualidade que os grandes actores da indústria química estavam a desinvestir porque já não eram compatíveis com a sua estratégia.

Em 1998 a Inspec foi vendida por mil milhões de dólares e, ao mesmo tempo, Ratcliffe comprou a divisão de óxido de etileno da Inspec (um dos gases mais utilizados na indústria química) e fundou a Ineos. Durante a década seguinte, a Ineos embarcou numa campanha de aquisições que a levou a comprar cerca de vinte e duas sociedades.

Uma das mais importantes foi a da divisão de refinaria da British Petroleum por 9 mil milhões de dólares em 2005. Esse acordo marcou o salto da empresa, já que o seu volume de negócios, que em 2005 foi de cerca de 10 mil milhões de dólares, subindo no ano financeiro seguinte para quase 40 mil milhões. Atingiria os 60 mil milhões no ano passado, somando os três pilares principais do grupo: Ineos, Ineos Styrosolution e Inovyn.

Outra característica do império Ratcliffe é o facto de deixar as várias filiais (que operam em mais de 20 sectores do mercado químico) muito independentes umas das outras. Uma abordagem completamente diferente da abordagem integrada adoptada por concorrentes como a Basf ou a Dow Chemical.

Como será no Manchester?