Ponto prévio: este Milan está a anos luz daquelas equipas que fascinaram muitos de nós na sua meninince.
Não há um presidente icónico…aliás, nem se sabe quem lidera o clube, para além do director desportivo Maldini.
Não há treinadores visionários no banco como Arrigo Sacchi, ou com voracidade resultadista como Capello.
Nomes como Van Basten, Savicevic, Gullitt, Schevchenko, Kaká para dizer alguns já não desfilam em San Siro…
Pior do que isso, o emblema rossonero nos últimos anos trilhou o caminho das pedras. Por inadaptação ao modo de gestão dos mais ricos emblemas europeus, por processos de venda surreais que chegaram ao ponto de Yonghong Li ter adquirido o clube a Berlusconi através de um empréstimo que conseguiu dando de garantia o que acabara de comprar, a contratações impróprias para um emblema sete vezes campeão europeu. Por isso, só por milagre seria possível fazer melhor!
A tranquilidade regressaria quando o Fundo Elliott assumiu a liderança do clube, por causa do mencionado folhetim de Li. Com Maldini a liderar o processo aquisitivo, o emblema transalpino abandonou a atracção pela estrelas. Optou por contratar jovens talentos com vontade de correr e com pouco estatuto. Nomes como Maignan, Tomori, Theo Hernandes, Rafael Leão, Júnior Messias, Saelemakers e mais alguns tornaram-se capazes de formar uma grande equipa enquadrados por dois velhos caminhantes: o eterno Ibrahimovic, que por vezes assemelha-se a pai da maioria, e Giroud um goleador. Manteve um treinador que esteve com pé e meio fora da equipa, Stefano Pioli, dando-lhe confiança e estabilidade para trabalhar.
As consequências chegaram sob a forma de resultados. O scudetto voltou à Casa Milan onze anos depois do último… e, hoje, onze anos depois da última vez que a equipa chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões, tal voltou a suceder após o empate em casa do Tottenham.
Com uma filosofia diferente de então e com um estatuto diferente do de então, os rossoneri provaram que um trabalho de fundo pode surtir frutos… e a servir de exemplo a emblemas com muito mais dinheiro, mas com muito menos em parcimónia em gastá-lo!