Donetsk, zona do Dombass…
Outrora, a capital do futebol ucraniano, com o Shakhtar a dar cartas na sua arena, uma das mais modernas da Europa.
Desde 2014, que tudo mudou… e, agora, infelizmente, agudizou-se.
Assim, desde o passado mês de Fevereiro, altura em que as tropas russas invadiram a Ucrânia tudo tornou-se ainda mais difícil. Depois de mais seis meses de guerra, o clube teve de abandonar toda e qualquer relação com a cidade da qual é parte integrante, não podendo nem treinar nem aí jogar.
Assim, vê-se obrigada a treinar na capital da Polónia, em Varsóvia, a 1758 quilómetros de casa, onde, também, actua nas partidas que disputa referentes à Liga dos Campeões, no Estádio do Exército Polaco, casa do Légia. No que toca aos jogos da liga ucraniana, após a semana de treinos, os jogadores são transportados de avião para o seu país, sendo que as partidas disputam-se em Kiev ou em Lviv, sendo que já disputou dois na capital do país e outro em Lviv, ainda que por segurança, parece que esta cidade vai-se tornar na casa do clube; uma casa, perto da fronteira com a Polónia e a 1223 quilómetros de casa.
Num país destruído, em que o futebol perdeu importância e onde os melhores jogadores partiram rumo a outros campeonatos, o caso do Shakhtar será o mais paradigmático. Na verdade, perdeu 20 jogadores, entre empréstimos, vendas e rescisões, perdendo a “célebre” colónia brasileira que ajudou o clube a projectar-se na Europa. Nomes como Dôdô, Marlon, Marcos António, Ismaily, Tobias, deixaram o clube, fazendo com que o plantel tivesse de ser reformulado. Assim, actualmente, dos 29 atletas que compõe o seu efectivo, 25 são ucranianos e, apenas, 4 estrangeiros: um brasileiro, um croata, um nigeriano e um burquinês.
Na sua liga, apesar de tudo, o Shakhtar vai de vento em popa.Imbatível em todas as competições, na liga doméstica somam 10 em 12 pontos possíveis, sendo que em jogos da Liga dos Campeões ainda não conheceu a derrota.
Destaque, ainda, para a sua atitude humanitária. O autocarro do clube percorreu as cidades ucranianas que foram bombardeadas para espalhar uma mensagem “Stop War! Stand With Ukraine.”
Surge, agora, um novo problema. Com a anexação das regiões ucranianas por parte de Vladimir Putin, o Shakhtar passou a pertencer à Rússia. Ainda que as entidades internacionais não reconheçam este acto de assimilação, a verdade é que o Shakhtar poderá ser obrigado a actuar na liga russa, tal como poderá suceder com o Zorya de Lugansk ou o Krystal Kherson, a actuar no terceiro escalão do país.
O que vai ser de uma das equipas que apresentou um futebol belíssimo nos últimos anos e onde dois treinadores portugueses brilharam: Luís Castro e Paulo Fonseca?