Para mal dos nossos pecados, a verdade é que algumas personalidades do futebol já previam o êxito marroquino.
Assim, num interessante entrevista com o jornal L’Équipe, o ex-jogador senegalês El Hadji Diouf – tão talentos quanto louco – sublinhou a atmosfera que se vai vivendo em todo o continente africano para o pequeno milagre de Marrocos.
Também no principal diário desportivo francês, Idriss Diallo, presidente da federação marfinense, sublinhou o planeamento do movimento futebolístico marroquino nos últimos anos: “É o sucesso de uma política de dez anos levada a cabo pelo rei, que investiu 10 milhões de euros por ano no futebol, com uma academia com melhores condições do que Clairefontaine. Para além da África do Sul, nenhum país tem tantos recursos como Marrocos. Não é uma coincidência o que está a acontecer. É o culminar de um processo”.
” – Se cada país africano“, Diallo continua aO l’Équipe, “tiver a sorte de ter um governo por trás dele que compreenda o valor de investir no futebol, todos nós lá chegaremos. É um trabalho longo, é preciso paciência, muitos não o compreendem. Assim que uma derrota chega na Taça Africana das Nações, mudamos tudo”.
Quando Eto’o previu uma final totalmente africana (Camarões vs Marrocos) no início do Campeonato do Mundo, muitos riram-se. Hoje um pouco menos. Não há nada mais perigoso do que alguém que sonha com objectivos ousados.