A UEFA pretende revolucionar o futebol…
A Confederação Europeia de Futebol prepara-se para introduzir um novo modelo de Fair Play Financeiro, onde estará também previsto a imposição de um limite máximo para o montante que os vários clubes podem gastar em inscrições e contratações de jogadores numa única janela do mercado do futebol.
De acordo com o jornal inglês The Times, esta medida tem como principal objectivo assegurar um futuro mais sustentável para o futebol europeu, mas também pretende ter em conta as informações de algumas federações nacionais que apontaram que o novo modelo permitirá aos clubes gastar de acordo com os rendimentos, podendo aumentar ainda mais o fosso entre os clubes da Premier League e os outros.
O plano da UEFA consiste em limitar o Fair Play Financeiro com novas regras, para além das que actualmente estipulam que os clubes podem gastar 90% das receitas em salários e transferências em 2023, baixando para 80% no próximo ano e 70% em 2025. Paralelamente, está a ser considerado um limite máximo fixo para cada sessão de mercado sobre o montante que os clubes poderão gastar em salários, transferências e comissões de agentes. Refira-se que o custo da transferência é avaliado com base na amortização, ou seja, a taxa de transferência é distribuída ao longo da duração do contrato, até um máximo de cinco anos.
Neste momento, os pormenores ainda não foram discutidoso, mas existe a vontade de introduzir um limite em relação à disponibilidade de tesouraria de um clube, que seria assim chamado a respeitar em primeiro lugar este parâmetro e não a percentagem das receitas totais, seja ela de 80 ou 70 por cento.
Antes de qualquer comunicação oficial sobre o assunto, a UEFA terá de chegar a acordo com a Associação Europeia de Clubes (ECA), presidida pelo número um do PSG, Nasser Al Khelaifi, as Ligas Europeias e o sindicato de jogadores FifPro. Depois, será necessário resolver o problema dos diferentes níveis de impostos que cada país europeu reconhece. Por exemplo, basta pensar que na Suíça se paga 13%, enquanto em França se paga mais do dobro, 27,5%.
O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, anunciou a realização de um estudo sobre esta eventualidade. Ao site norte-americano Men In Blazers, o número um do organismo máximo do futebol europeu afirmou: “No futuro, temos de pensar seriamente num limite salarial. Há alguma preocupação com o chamado ‘equilíbrio competitivo’. Não se trata de proprietários, mas sim do valor da concorrência, porque se cinco clubes vão ganhar sempre, então já não faz sentido”.
Mas a questão do tecto salarial já começou a suscitar os primeiros ressentimentos, como confirma o director executivo da Associação de Futebolistas Profissionais do Reino Unido, Maheta Molango: “Os jogadores ficariam, com razão, zangados com qualquer iniciativa no sentido de um tecto salarial. Os dirigentes do futebol criarão rapidamente um verdadeiro problema se continuarem a tratar os jogadores desta forma”.
Eis alguns exemplos de ligas desportivas que introduziram um limite máximo para os salários dos seus atletas:
A Premiership de râguebi tem um limite máximo de 5 milhões de libras (à taxa de câmbio actual 5,8 milhões de euros), limite esse que aumentará para 6,4 milhões de libras (7,45 milhões de euros) a partir de 24/24. Um máximo de dois jogadores por clube não pode estar sujeito a estas regras.
A RFL, a liga feminina de râguebi, tem um limite salarial para cada clube fixado em 2,1 milhões de libras (2,4 milhões de euros), com um máximo de dois jogadores que podem ser pagos até um máximo de 150 000 libras (174 000 euros).
A NFL, uma liga de futebol americano dos EUA, onde cada equipa tem um limite salarial, tanto para o salário base como para os bónus, fixado em 224,8 milhões de dólares (211,3 milhões de euros).
Na NBA, cada franchise tem um tecto salarial de 123,7 milhões de dólares (116,3 milhões de euros), mas com a possibilidade de ultrapassar este limite mediante o pagamento de uma taxa, o que, no entanto, implica uma limitação a eventuais novas contratações.
Concluímos com a English Football League, a segunda liga profissional do futebol inglês, que organiza as três ligas de futebol imediatamente abaixo da Premier League. Todos os clubes da EFL chegaram a acordo sobre um tecto salarial de 1,5 milhões de libras (1,74 milhões de euros) para a League Two e de 2,5 milhões de libras (2,9 milhões de euros) para a League One. No entanto, este último foi abolido na sequência de um recurso interposto pela PFA, a liga dos futebolistas profissionais ingleses.