Em menino, qualificavam-no de tímido….
Uma timidez tão grande que fazia com que nem sequer se conseguisse relacionar com os miúdos da idade dele. Tinha, pois, de falar em outros locais, através de outros modos de comunicar; leia-se num campo de futebol, graças ao seu modo de ler e de perceber o jogo.
Kevin de Bruyne parece, por vezes, esse menino tímido e acabrunhado. Incapaz de aceitar um reflector a incidir sobre si.
Porém, num tapete relvado, sempre foi diferente… foi sempre ele que iluminou o espaço, onde o seu brilho sempre ofuscou os demais, onde a sua luz se tornou num farol capaz de levar a sua equipa ao momento mais desejado do futebol, o golo.
Por essa razão, chegou ao topo da estratégia do futebol. Na verdade, o City, orientado por Guardiola, é todo ele organização, cientificidade aliada à beleza do jogo, processos bem definidos e inalcançáveis para muitos adversários. No centro desse mundo quase perfeito está o belga. De bola no pé, como se estivesse à frente de uma orquestra com batuta na mão, giza os mais belos movimentos de uma armada a apostar tudo no triunfo na Liga dos Campeões.
Hoje, no Santiago Bernabéu, além de comandar todas as operações ofensivas da sua equipa, ainda teve tempo de substituir nos propósitos vorazes do golo, o abono de família Haaland. Um tiro seco, forte e colocado a bater o seu compatriota Courtois e a abrir todas as perspectivas para a segunda mão das meias finais a disputar no Ettihad. Aí, certamente, pegará na batuta para tentar comandar a armada de Guardiola…