Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

O Espírito de 1966…

Estávamos em plenos anos 60.

Anos de revolução de mentalidades, de modos de viver… até a mini-saia entrou nas nossas vidas e, para além dos Beatles, outras bandas faziam os adolescentes e os jovens adultos verem o mundo de modo diferente.

O futebol, esse, vivia sob o signo do Rei Pelé…provavelmente, o primeiro grande fenómeno do futebol à escala mundial. O Rei houvera feito o Brasil esquecer o Maracanazo e coadjuvado por Garrincha, o imortal Anjo das Pernas Tortas, ajudaria a que o escrete vencesse dois campeonatos do mundo, de enfiada!

Porém, em 1966, quando o futebol, honrando, realmente, a canção “It´s Coming Home”, regressou a casa, tudo mudou. Depois da selecção inglesa ter-se recusado a participar nas edições da máxima prova futebolística por selecções até 1950, a verdade é que, depois que começou a disputar a máxima prova mundial por selecções, seriam dezasseis anos sem conseguir resultados relevos. Ora, se nesse mundial brasileiro, os Estados Unidos haveriam de fazer o mundo abrir a boca de espanto, batendo os pais do futebol, até realizarem a prova nesse ano jamais passariam dos quartos de final.

Contudo, nesse Verão inglês, que também fez parar Portugal por causa de um tal de Eusébio da Silva Ferreira e dos restantes valorosos Magriços, tudo seria diferente. Com Alf Ramsey no banco e com homens no relvado como Nobby Stiles, Bobby Moore, Geoff Hurst e, principalmente, Bobby Charlton faria a Taça Jules Rimet ficar em casa! Ainda que, por causa, da alteração à última da hora do local das meias-finais de Liverpool para Londres, prejudicando, claramente, a selecção portuguesa!

Passaram 56 anos… 14 mundiais disputaram-se! Jamais a Inglaterra conseguiria aproximar-se de igual êxito. Terá estado perto em 90, em Itália, quando sob o comando de Gascoigne no relvado e Bobby Robson no banco, o desempate pelos pontapés de penalty foram demasiado cruéis para os ingleses. O filme repetir-se-ia em 2018, quando já com Southgate ao leme, a Croácia conseguiria fazer história às custas dos Súbditos de Sua Majestade, eliminando-a nas meias-finais e obrigando-a a disputar o terceiro posto que haveria de perder para a Bélgica.

Fora esses momentos, a participação inglesa em Mundiais quase daria um filme. Bastará lembrar o sucedido em 1970, quando no estágio mexicano, o capitão Moore foi preso por roubar uma pulseira? Ou, em 1986, quando Maradona travestido de Diabo e de Deus arruinou os sonhos à selecção dos Três Leões? Ou em 1998, quando Beckham, o menino bonito do futebol inglês tornou-se vilão? Ou, em 2002, quando, Ronaldinho concebeu um chapéu de alta costura arruinando os sonhos da selecção para além Mancha? Ou, ainda em 2006, quando fizemos de Ronaldo herói? Ou, em 2010, quando nos oitavos de final da prova disputada na África do Sul, o tiro de Lampard passou, claramente, o risco da baliza defendida por Manuel Neuer, mas não seria validado? Ou, por fim, em 2014, onde num grupo com Costa Rica, Uruguai e Itália, a equipa menos favorita venceria o grupo, deixando o outro lugar de apuramento para a Celeste Olímpica?

No fundo, demasiadas histórias para rebater! Algo que o seleccionador inglês tem feito para rebater! Com uma base jovem, onde pontuam talentos como Bellingham, Saka ou Rice, apoiados pelos experientes Kane, Maguire ou Henderson, a Inglaterra pode sonhar reeditar aquele Verão inglês. Depois de, hoje, bater o Senegal por três bolas sem resposta, seguir-se-á a França…do imenso Mbappé que está a desencadear uma verdadeira tempestade no deserto qatari. Quem levará a melhor? O actual campeão do mundo ou o eterno espírito de 1966?