Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

O Capitão Maldito

Lloris, Zidane, Platini são os capitães que dentro do relvado fizeram a história do futebol francês engrandecer-se, chegando ao ponto de conseguir dois títulos mundiais.

Porém, se a história da selecção gaulesa, principalmente a partir do Campeonato Mundial de 1982 é quase toda ela feita de epopeias dignas de figurar na história, até lá as grandes participações eram residuais, tendo, provavelmente, escapado a de 1958 na Suécia quando Just Fontaine tornou-se no melhor marcador da prova com 13 golos… um record que, ainda, hoje não foi batido.

Não obstante isso, honra seja feita à selecção gaulesa pelo facto de ter sido uma das selecções (e das poucas europeias!) que ousaram participar no primeiro certame futebolístico referente a um mundial, disputado em 1930 no Uruguai. Uma empreitada tormentosa, que obrigou a equipa a uma viagem marítima transcontinental entre Villefranche Sur Mer e Montevideu a bordo do Conte Verde, um navio que transportou todas as selecções europeias.

Entre essas equipas, das quais constavam a Roménia, a Bélgica, a Jugoslávia, estava a França e Alex Villaplane, que haveria de ser o capitão da selecção gaulesa. Naquela altura, a jogar no RC Paris, ainda não se perspectivava a sua vida rocambolesca que terminaria numa execução no Fort de Montrouge.

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Com efeito, depois de disputar a prova na América do Sul, em que apesar do seu colega de equipa Lucien Laurent ter marcado o primeiro golo da história dos campeonatos mundiais, a sua selecção seria eliminada na primeira fase, após as derrotas de Chile e Argentina, o regresso seria doloroso.

Alex tornar-se-ia viciado em corridas de cavalos, acabando o ano de 1934 preso por estar envolvido num escândalo de apostas neste tipo de corridas.

Completamente desenraizado e afastado do futebol que o tornara famoso, entraria no submundo do crime, dedicando-se a crimes de extorsão sobre a população judaica. Fruto disso, tornar-se-ia conhecido pelos responsáveis nazis franceses que não hesitaram em recrutá-lo para a denominada Gestapo francesa, numa altura em que a França estava completamente retalhada. Passou a ter como missão a extorsão de ricos comerciantes para continuar a fornecer os propósitos nazis.

Não obstante isso, até estes últimos foram roubados por Villaplane que teve mesmo de fugir de Paris. Porém, não fugiria aos seus perseguidores e acabaria preso num campo de concentração.

Depois de libertado em 1944, e já, novamente, caído nas boas graças dos líderes nazis, seria promovido a chefe de uma das cinco seções da Brigada Norte Africana, uma organização criminosa formada por imigrantes norte-africanos (Villaplane nascera em Argel) que colaboraram com os nazistas através de atividades contra a resistência. O caráter feroz dos seus comandos rendeu-lhe a alcunha de “SS Mohammed”. Por isso, obteve a patente e o uniforme de SS-Untersturmführer.

Além disso, a sua secção encarregar-se-ia de encontrar os membros da Resistência e os seus apoiantes na região de Périgueux no mês de Março de 1944, e depois na região de Eymet no mês seguinte. Foi em Eymet que negociou pela vida dos reféns por dinheiro. Em 11 de Junho de 1944, seu esquadrão mandou executar 52 pessoas em Mussidan.

Passado pouco tempo seria capturado. Seria sentenciado à morte por traição à morte e colaboracionismo com os nazis. Teria o seu último suspiro, antes do tiro fatal, a 26 de Dezembro de 1944, aos 40 anos.

O capitão maldito que guiou a França no seu primeiro mundial…