Será no mínimo surpreendente, até para o próprio treinador Mikel Arteta.
Na verdade, à data da paragem da Premier League, fruto das obrigações mundialistas, quem esperava que o clube londrino liderasse destacado a competição, à frente dos ultra-favoritos Manchester City e Liverpool?
Com efeito, com 14 desafios disputados, o Arsenal lidera a máxima prova com cinco pontos de vantagem, joga bem e, quando é preciso, tem aquela pontinha de sorte que às vezes distingue os campeões dos demais. Com tantos predicados, naturalmente, que o treinador Mikel Arteta fosse confrontado com a possibilidade de resgatar um título que foge ao clube desde a época de 2003/04, o ano em que com Arséne Wenger ao leme, o clube foi invencível.
Porém, lentamente a chama ir-se-ia extinguindo. Os investimentos faraónicos dos concorrentes mais directos em contraponto com apostas mais frugais do clube londrino levariam a que essa possibilidade de afirmação se fosse esvaindo. Vivemos o tempo de Roman Abramovich no Chelsea, do dinheiro de Abu-Dhabi no Manchester City ou o reaparecimento do Liverpool suportado num genial treinador e no dinheiro norte-americano. Para piorar as coisas, Wenger foi perdendo a chama que o caracterizava até abandonar o clube no final da temporada de 2017/18. Era o fim de um ciclo.
Unai Emery, um dos melhores treinadores espanhóis seria o escolhido. Duraria época e meia, sendo despedido, ainda, antes do período da pandemia ter alterado a vida de todos. Via-se que era urgente uma escolha que a todos abalasse. Viria dos quadros de um dos maiores rivais: o Manchester City. Assim, a escolha haveria de recair em Arteta, na altura adjunto de Guardiola e a seguir a mesma cartilha no que a futebol diz respeito, mas com a vantagem de como jogador ter actuado durante 14 anos no futebol inglês, tendo, mesmo, acabado a carreira no Arsenal, depois de 7 épocas no clube.
Apesar das dificuldades iniciais, após a retoma desse ano, ainda seria capaz de chegar ao êxito. Venceria a FA Cup, a mítica Taça de Inglaterra frente ao Chelsea e a Taça da Liga perante o Liverpool. Dois títulos de enfiada a ajudar à sua afirmação.
No campeonato, porém, seria necessário tempo. Depois do oitavo posto em que findou a época em que abraçou o desafio Gunner, ainda que atenuado pelo triunfo nas duas taças, repetiria a classificação no ano seguinte (algo capaz de desencadear inúmeras críticas dos adeptos), acabando a derradeira no quinto posto.
Por isso, na presente época resolveu remodelar o conjunto à sua imagem. Apostaria num jovem Martin Odegaard, que encontrou o seu espaço de afirmação em Londres, como líder da equipa, fazendo-a girar em torno do seu génio futebolístico que, em determinados momentos, alguns temeram que nunca viesse a explodir. Rodeou-o de talentos experimentados de outras andanças como Gabriel Jesus ou Zinchenko para dar solidez a um conjunto ainda inexperiente. Potenciou talentos como Gabriel Martinelli, Bukayo Saka, Smith Rowe ou Reiss Nelson. Apostou em nomes, a que alguns torceram o nariz, como Ben White, Tomyasu, ou o guardião Aaron Ramsdale não hesitando em arriscar pagar valores avultados por eles.
O resultado está aí… os adeptos do Arsenal podem voltar a sonhar, já que nenhuma equipa que chegou a esta fase do campeonato inglês na liderança perdeu o campeonato! Será mesmo o ano do Arsenal?