Estávamos em Agosto de 2019.
Um magnata sacudia o futebol francês. Jim Ratcliffe, o homem mais rico da Grã Bretanha e dono da multinacional INEOS, conhecida empresa química, também proprietária de uma das melhores equipas de ciclismo do mundo, comprava um clube da Riviera francesa: o OGC Nice.
Por 100 milhões de euros, mais do dobro do que houvera custado o Paris Saint-Germain à Qatar Investment Authority, adquiria o clube aos chineses Chien Lee e Alex Zheng, empresários do ramo hoteleiro e do turismo, que em Junho de 2016 tinham comprado 80% do clube por, apenas 20 milhões de euros, gerando assim um ganho de 80 milhões.
Ratcliffe tinha um objectivo claro: chegar à Liga dos Campeões num período entre 3 e 5 anos. Para isso, assumiu que “procuramos uma série de clubes que se enquadrassem no nosso modo de realizar negócios na INEOS – pelos valores e pelo potencial – e o OGC Nice preencheu esses critérios. Com um investimento cuidado e bem medido, queremos que o clube se firme como uma força que compita regularmente nas provas europeus. E, mais importante, com sustentabilidade.”
A verdade é que, para já, a Liga dos Campeões tem sido uma realidade distante. Um quinto lugar em 2020 quando o campeonato foi interrompido, bem como igual classificação no pretérito ano e que levou Christophe Galtier, o treinador, a ser contratado pelo Paris Saint-Germain, foi o melhor que o clube conseguiu sob o comando da INEOS.
Acresce, ainda, que a sustentabilidade preconizada tem-se centrado mais no reforço da equipa do que na venda dos activos que o clube vai potenciando. Assim, se as seis maiores contratações da equipa foram já quando se encontrava sob a propriedade britânica – o dinamarquês Kasper Dollberg foi o mais caro quando em 2019 custou mais de 20 milhões de euros num negócio com o Ajax -, em matéria de vendas, a INEOS, à excepção de Saint-Maximin cedido ao Newcastle por 18 milhões de euros, o clube tem tido dificuldades em realizar vendas de montantes assinaláveis. Aliás, a segunda maior venda do clube ocorreu no defeso do Verão passado., quando transaccionou William Cyprien por 6,7 milhões para o Parma.
Porém, neste Verão, o clube conseguiu saltar para os mais amplos espaços mediáticos. Com efeito, a aquisição, a custo zero, do internacional galês, proveniente da Juventus, Aaron Ramsey, fez disparar as atenções sobre um clube que conseguiu resgatar um jogador com fortes ligações à Inglaterra; aliás, até terá sido por isso que aceitou o desafio.
Segue-se, segundo a imprensa, a contratação do dinamarquês Kasper Schmeichel, figura marcante do Leicester onde passou os últimos 11 anos da sua vida. Kasper, filho do lendário guardião Peter Schmeichel que passou pelo Sporting, alegadamente estará insatisfeito com as dificuldades de mercado dos Foxes e estará em vias de abraçar um novo desafio.
Numa das zonas mais exclusivas de França, vê a luz um projecto de um clube novo-rico…