Crescemos a olhar para o futebol italiano como uma realidade superior a tudo o resto…
Na verdade, quem começou a seguir de modo mais atento o fenómeno futebolístico na década de 80 ou 90 do século passado, lembrar-se-á daqueles loucos anos de calcio ao Domingo à tarde, em que as equipas, apenas, podiam ter três estrangeiros.
Mas, esse eram lendários em qualquer equipa. Quem poderá esquecer Zico na Udinese, Elkjaer no Verona campeão, Falcão na Roma, Maradona no Nápoles, num claro sinal que mais que as equipas importava era ser figura no principal campeonato do mundo, sobre o qual todos os olhos estavam virados e que todos os apaixonados seguiam avidamente. Para além destes, nos mais fortes existiam nomes com Platini na Juventus, os holandeses no Milan ou os alemães no Inter…
Porém, os tempos mudaram…
A Liga inglesa, fruto dos contratos televisivos, tornou-se o principal campeonato do mundo. Como resultado disso, os magnatas exóticos resolveram investir em clubes, também olhando para eles como uma importante fonte de retorno.
Do Milan de Berlusconi, do Inter de Moratti, da Roma de Sensi, da Sampdoria de Mantovani nem uma sombra da anterior força. O olho do furacão passou a estar centrado na Liga inglesa, seguida de perto da espanhola, fruto de um duelo estratosférico entre Messi e Cristiano Ronaldo. Assim, as fases decisivas das competições europeias passaram a estar pejadas de emblemas ingleses e espanhóis, quase tornando esses momento do futebol transalpino uma distante recordação, atenuada pelo triunfo do Inter de Mourinho na Liga dos Campeões de 2010.
Todavia, algo parece estar a mudar… Nos quartos de final das três provas competições existem equipas italianas. Na Liga dos Campeões estão três (Milan, Inter e Nápoles) , sendo já certo que, pelo menos, uma delas estará nas meias finais da prova, saída do duelo entre rossoneri e partenopei. Na Liga Europa, Mourinho e a sua Roma, depois de terem vencido a Liga das Conferências do pretérito ano, sonham, conjuntamente, com a Juventus chegar ao jogo decisivo da prova. Por fim, na Liga das Conferências, a Fiorentina (o SC Braga que o diga) parece estar com a corda toda para atingir o jogo decisivo.
Há dúvidas mesmo que il bello calcio está de volta?