Lembrá-lo-emos sempre como o jovem guardião que chegou a Portugal com um sorriso tímido…
Aquele jovem que, depois vir-se-ia a saber, que assustado, pensou largar tudo e regressar à sua Alemanha natal, que, nesse momento, ainda era o seu porto de abrigo!
Robert Enke, porém, enquanto esteve em Portugal, foi mais do que o guarda-redes do Benfica.
Foi alguém que, pela sua simpatia, pela sua vontade em integrar-se, tornou-se uma figura do nosso futebol.
Mesmo no momento que rumou a Barcelona, deixou esse vínculo bem apertado, não o deixando ficar lasso. Sempre disse que, quando se reformasse, pretendia viver com a “sua” Teresa, os filhos e os cães no nosso país.
Mas, para guardião, que deve ter nervos de aço, um dos melhores keepers do futebol europeu era frágil, vulnerável, com os seus fantasmas e medos interiores sempre a povoarem-lhe o subconsciente.
A eles cederia em Barcelona, como em Istambul…
Seria no regresso à Alemanha, ao Hannover, que se afirmaria. A baliza da selecção alemã estava prestes a ser sua!
Porém, mais do que o guardião automático, frio, felino, com ar de quem não sorria na baliza, estava um homem frágil, atormentado pela morte da sua Lara, a sua filha bebé, massacrado pela opinião dos outros, que temia não ser compreendido…
Isso valia para ele mais do que qualquer defesa, do que qualquer voo!
Até que a 10 de Novembro de 2009, o guardião aceitou sofrer o golo que jamais deveria permitir…ainda que a força da doença fosse quase insuperável.
Os medos e as dores psicológicas que o consumiam falaram mais alto…e Robert, o rapaz tímido que podia ser o número 1 da selecção alemã, deixou-nos aos 32 anos!
Hoje, faria 45… a sua história continuará sempre presente em nós!