Economia do Golo
O desporto é a nossa paixão e a escrita o nosso vicio. Sempre dispostos a conjugar as duas artes, na certeza de uma junção sempre feliz... ousem descobrir!

Ecos da Derrocada Alemã…

Raiva, desilusão, descrença.

Foi assim que a Alemanha acordou após a eliminação, a segunda consecutiva na fase de grupos do Campeonato do Mundo. Tal, tinha acontecido em 2018 e voltou a suceder na presente edição do Campeonato do Mundo. Tudo depois de ganhar o torneio em 2014!

Os germânicos parecem viver um profundo mal-entendido de como encarar a selecção. Bastará recordar que Neuer, Kimmich, Goretzka, Müller, Sané, Gnabry, Musiala dão cartas no Bayer, sempre disposto a lutar pelos máximos títulos europeus, e na selecção, à excepção do jovem prodígio, Musiala, não conseguem fazer a diferença.

Assim, desde a derrota contra o Japão na estreia da presente prova, que os meios de comunicação social alemães passaram a relatar a existência de uma equipa dividida em muitos pequenos grupos. Jogadores do Bayern contra jogadores de Dortmund (cinco deles presentes), jovens contra veteranos, o ataque contra a defesa! “O fim de uma equipa desonesta”, titula o Sport1, que aponta o dedo à atitude dos jogadores. “No plantel havia jogadores que ganharam a Liga dos Campeões, que dominaram a Premier League, que se tornaram campeões mundiais. Mas nada funcionou”.

Não há serenidade no balneário, ao ponto de, já contra o Japão, Flick ter sido criticado pela decisão de tirar Gundogan, considerado o melhor em campo, para colocar Goretzka, que foi considerada como “uma alteração feita para não desagradar ao jogador do Bayern e não por razões técnico-tácticas”.

Flick seria considerado, também, demasiado condescendente, buscando demasiadas vezes consensos, uma acusação que, também, foi proferida contra o antigo seleccionador, Joachim Low, no passado. O treinador é também acusado de não ter compreendido que era tempo de mudar a forma de jogar. Na verdade, desde a partida do avançado Miroslav Klose, a Alemanha não tem um verdadeiro homem de área, o que gera dificuldades na obtençaõ de golos. Por isso, a imprensa pediu a inclusão do Füllkrug no lugar do Müller, algo que não foi atendido. Como consequência, o primeiro, em 66 minutos jogados, marcou dois golos e fez uma assistência. O jogador do Bayern jogou mais de três vezes esse tempo (204 minutos) sem realizar uma assistência ou apontar qualquer golo. Também aqui, foram provavelmente os nomes dos jogadores que contaram mais nas decisões do treinador do que o seu estado de forma. Esta é também a razão pela qual o ambiente no balneário está a ferver e que fez com que a federação alemã decidisse abandonar o Qatar já hoje: “Com o estado de espírito que temos, ficar aqui mais um dia não faz sentido”, explicou o director desportivo da equipa nacional alemã Oliver Bierhoff. A sensação é que certos jogadores quanto menos juntos, melhor.

A Federação e o director desportivo estão, por isso, num verdadeiro olho do furacão: “A controvérsia sobre a braçadeira do arco-íris não foi tratada a tempo. Pior ainda, incendiou-se para se tornar o tema principal entre os intervenientes apenas algumas horas antes da abertura contra o Japão“, escrevem os meios de comunicação social.

O jornal Bild é, ainda mais, duro: “A data de 1 de Dezembro de 2022 representa o fim de uma grande nação futebolística. Quatro vezes campeões mundiais, três vezes campeões europeus. Mas tudo isto já não conta. E a federação, o treinador e os jogadores são responsáveis por isso. Bierhoff falhou a tarefa de trazer a Alemanha de volta ao topo. Entre Taças do Mundo e Campeonatos Europeus é o terceiro torneio consecutivo em que falhámos miseravelmente“.

Os períodicos desportivos Kicker e Bild sublinham, ainda, o facto de que a Espanha tudo ter feito para não ganhar a partida contra o Japão: “Serve aos espanhóis desta forma”.

Müller salientou também que “só teoricamente tínhamos a qualificação em mãos, porque se tivéssemos ganho 8-0 teríamos passado a 100%, mas mesmo quando se está em forma, ganhar por essa margem não é fácil. Portanto, havia a sensação de que a passagem da ronda não dependia só de nós, na realidade o jogo entre Espanha e Japão era decisivo se os asiáticos ganhassem“. A atitude da equipa de Luis Enrique foi notada e enfatizada na Alemanha, mas a selecção germânica teve uma prestação decepcionante durante demasiado tempo para explicar a eliminação apenas desta forma. Rüdiger tentou, por isso, desviar o foco do jogo de Espanha: “Temos de pensar em nós, a derrota contra o Japão pesa sobre nós. Mesmo com a Costa Rica sofremos dois golos. Defensivamente, não nos saímos bem, não funcionamos. Ter talento não é suficiente, espero que isso esteja agora claro. Tem de se estar com vontade, tem de se estar com fome de vitórias”. Kimmich, esse, foi, também, autocrítico: ‘Não se pode falar sempre de azar, nos últimos anos temos desperdiçado tantas oportunidades. E na minha opinião, poderíamos ter ganho hoje 8-0″.

A revolução bate à porta da Mannschaft…