O golo tardio de Lewandowski frente ao Inter de Milão poderá ter adiado um destino que se antevê em Barcelona e que passará pelo clube blaugrana, pelo segundo ano consecutivo, não conseguir apurar-se para a fase decisiva da Liga dos Campeões.
Porém, com um cenário de fracasso eminente as preocupações serão mais do que evidentes. Na verdade, depois de ter vendido activos do clube num montante de 865 milhões de euros (as célebres palancas, como os espanhóis lhe chamam) e ter realizado contratações de atletas na ordem dos 160 milhões de euros, a verdade é que a mais que previsível eliminação da Liga dos Campeões para além das perdas financeiras orçadas, no mínimo em 20,2 milhões de euros, acarretariam a inegável degradação do prestígio desportivo de um dos maiores emblemas mundiais.
Tal, ainda se torna mais preocupante, atendendo ao modo como os seus responsáveis olharam para a equipa. Na verdade, declarações como o director desportivo, Jordi Cruyff, após a equipa ter sido derrotada em Munique por duas bolas a zero em que referiu que “enviamos uma mensagem ao mundo”. Porém, já em Janeiro deste ano, o presidente Joan Laporta havia anunciado que “preparem-se, que estamos de volta.”, dois dias depois de ter anunciado “uma nova etapa que já não prolonga a degradação de uma era gloriosa”.
Porém, um processo que se baseou na obtenção de títulos imediatos, quase numa roleta de tudo ou nada, parece estar a chegar a um beco sem saída, com a equipa praticamente eliminada da prova rainha do futebol europeu por clubes em Outubro. Um verdadeiro desastre para um clube que vendeu os seus bens e direitos para que o oposto sucedesse.
Na verdade, como referimos, o Barça realizou vendas na ordem de 865 milhões de euros para investir 160 milhões de euros em contratações (Raphinha, Koundé, Lewandowski, Pablo Torre), não contando com os jogadores que chegaram a custo zero(Kessié e Christensen) e que, obviamente, ganharam um lauto prémio de assinatura e auferem um salário principesco. Além disso, relembremos as renovações de Dembélé, Araújo, Sergi Roberto e Gavi, que vieram juntar-se às de Ansu e Pedri na época passada. Basicamente, um desastre que nem mesmo o director de futebol, Mateu Alemany, foi capaz de resolver, não conseguindo que o clube se visse livre de vacas sagradas como Piqué ou Jordi Alba. Por esses factos, não deverão existir dúvidas que a actual direcção do clube culé poderá estar grata pelojogo contra o Inter ter sido jogado três dias após a Assembleia-Geral. Caso contrário, talvez Laporta não tivesse dito que “salvámos o clube”.
Vale a pena lembrar que o Barça está prestes a perder a hipótesede ganhar até 52,7 milhões de euros de acordo com os prémios atribuídos pela UEFA na competição (9,6 milhões por chegar aos oitavos-de-final, 10,6 por chegar aos quartos-de-final, 12,5 por chegar às meias-finais, 15,5 por ser finalista e 4,5 por ser campeão). Para uma equipa que fez um investimento brutal(45 milhões para Lewandowski, 50 milhões mais variáveis para Koundé e 58 milhões para Raphinha) será um enorme golpe. Os 20,2 milhões de euros para chegar aos quartos de final foram, além disso, orçamentados, o que poderá, desde logo, significar uma importante derrapagem orçamental.. O Barça só os poderá recuperar em parte se ganhar a Liga Europa, onde o prémio ascende a 14,9 milhões de euros, que podem aumentar até 4,5 milhões de euros se depois ganhar a Supertaça Europeia.
Não se trata, portanto, se olharmos para o peso, apenas de uma questão de dinheiro. Trata-se também de prestígio desportivo (que também significa dinheiro em termos de patrocínios) e, acima de tudo, e mais importante, se o clube está a rumar na direcção certa. A questão que se coloca é: e agora?