Tudo se encaminha para uma meia-final da Liga dos Campeões entre o Real Madrid e o Manchester City.
No fundo, aquela eliminatória, que no início da competição, olharíamos como uma hipotética final, mas que por contingências do sorteio poderá suceder antes disso.
Acima de tudo, poderemos ter dois estilos de liderar e de perceber o futebol em confronto declarado.
De um lado, Guardiola, com o seu futebol construído de raiz, dotado de uma filosofia muito própria e da qual ele não prescinde. É um futebol de autor, de um visionário que constrói as suas equipas com base nas suas ideias muito peculiares, ainda que, para perseguir o sonho de levantar a orelhuda, que lhe escapa desde Barcelona, tenha feito algumas concessões. Com efeito, os Cityzens, na partida frente ao Bayern, não tiveram pejo de colocar um médio defensivo à frente dos centrais e Pep percebeu que não pode jogar, apenas, com ratinhos atómicos na frente de ataque… ainda que Haaland, um verdadeiro autómato, seja um caso especial, atendendo à catadupa de golos que marca. Mas, quem poderá esquecer a relação e o fracasso que foi Ibrahimovic no Camp Nou, sob as ordens do técnico catalão?
Do outro, Ancelotti. Um treinador da velha-guarda, da filosofia transalpina pura. Para si, o resultado é o que conta, sendo o contragolpe e a transição eficaz o melhor caminho para lá chegar. Para isso, ao invés do rendilhado do jogo, dos passos típicos de bilhar, apostará nos trincos agressivos (aí está, a demonstração que Guardiola percebeu o segredo para chegar longe na Liga dos Campeões, na actualidade) e num quarter-back futebolístico. Falamos de Modric, que tem como missão lançar os velocistas Vinicius e Rodrygo que potenciam a segunda juventude de Benzema. Este que é a metáfora da necessidade dos estilos se complementares. Se no rendilhado de Guardiola a aposta recaiu num bicho de área como Haaland, no pragmatismo de Ancelotti, a mobilidade e a imprevisibilidade de Benzema têm feito miséria nas defesas adversárias, especialmente depois que Ronaldo partiu.
Dois estilos diferentes, não necessariamente um melhor do que o outro, mas igualmente eficazes… e que poderão enfrentar-se, caso Bayern e Chelsea estejam pelos ajustes. Para já, tudo se encaminha para isso…