Uma das expressões mais recorrentes em Inglatera, no que toca a questões financeiras, é a de “Doing a Leeds.”
Mas, afinal de que se trata, adiantando desde já, adiantando que de nada interessa a qualquer clube?
Recuemos no tempo.
O Leeds United no início do século XXI, depois de um investimento financeiro que, quase o levou ao título inglês e às meias finais da Liga dos Campeões, viu-se em periclitantes dificuldades financeiras. Na verdade, de ano para ano foi aumentando o seu nível de despesas, tendo começado com um orçamento de 9 milhões de libras, que passou 21, depois para 39, 82, atingindos os 119 milhões de libras canalizados, na sua maioria, para transferências e salários de jogadores.
Tal obrigou o clube a apostar no “preto da roleta”; ou seja, a depender de constantes apuramentos para a fase de grupos da Liga dos Campeões, de modo a cobrir as inúmeras despesas que iam aparecendo e que era necessário que fossem pagas.
Porém, fazer depender o sucesso financeiro de sucessos desportivos é um risco imenso. Quando na época de 2002/03, a equipa terminou a Premier League, num, honroso mas insuficiente, quinto posto, não se apurando para a máxima prova europeia de clubes, viu-se na contingência de ter de vender as “pérolas mais valiosas” do plantel, uma vez que já não conseguia suportar os empréstimos contraídos para pagar as contratações.
Tal levaria a uma terrível espiral, com o clube profundamente descapitalizado a ser despromovido na temporada de 2003/04, para entrar em insolvência, submetido aa administração judicial em 2006. Concomitantemente, seria castigado com a perda de 10 pontos, o que faria com que findasse o campeonato nos lugares de descida à League One, o terceiro escalão do país. O clube que fora campeão com Cantona chegaria mesmo a ser expulso deste escalão, por causa das dívidas, para depois, de apresentar um recurso, ser readmitido com uma penalização de 15 pontos.
O clube começaria a sua ressurreição, o seu “doing a Leeds” em 2009/10 quando foi promovido ao Championship. Porém, para regressar ao escalão principal teria de esperar mais 10 anos.
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Tal leva-nos a pensar.
Valerá a pena apostar todas as fichas em resultados desportivas, que serão quase como apostar no casino, para depois ter de fazer um “doing a Leeds”?
Ou, simplesmente, criar condições para um desenvolvimento sustentável, independente da boa vontade dos credores, sem ter de estar dependente dos seus humores e dar passos seguros rumo a um futuro de êxito?
Nem todos os “doing a Leeds” têm exito e mesmo este demorou, quase, 20 anos a regreesar ao principal escalão.