Antonio Conte já não é oficialmente o treinador de Tottenham.
Os Spurs anunciaram a partida do treinador italiano esta noite. Para o seu lugar foi indicado o seu adjunto Cristian Stellini, que terá a tarefa de liderar a equipa com o intuito de alcançar a qualificação para a próxima Liga dos Campeões.
Conte tinha caído em desgraça no seu próprio balneário, após os seus desabafos no final do partida da Taça de Inglaterra da sua equipa em Southampton, onde a acusou de egoísmo e de falta de empenho. O treinador italiano foi filmado a bordo de um voo da Ryanair para Itália, o que ajudou a que o emblema inglês acelerasse com a rescisão do vínculo contratual.
Entretanto, já se alvitra que o treinador voltará a trabalhar no seu país natal, depois de ter ganho o Scudetto com o Inter, na temporada de 2020/21. Além das potenciais vantagens desportivas, o seu regresso a uma equipa italiana poderá trazer vantagens em termos económicos.
Tal como no Verão de 2019, na altura do seu desembarque no clube de Milão, o treinador pôde tirar partido da regra sobre os repatriados contida no chamado Decreto Crescita. A regra, alterada em 2019 para incluir os desportistas profissionais, prevê benefícios fiscais para aqueles que mudam a sua residência para Itália, sendo os rendimentos produzidos em Itália ponderados em apenas 50% em termos fiscais.
Existem três condições de acesso ao regime para os trabalhadores repatriados em Itália:
- Terem sido residentes no estrangeiro durante os dois períodos fiscais que precederam a mudança para Itália;
- a obrigação de permanecer em Itália durante dois anos após a transferência de residência;
- o exercício da actividade laboral predominantemente em território italiano.
Conte poderá novamente usar tal regra, como fez quando voltou ao Inter, depois da aventura no Chelsea.
Para ser considerado “residente” no estrangeiro, bastará gastar e gerar rendimentos durante 183 dias fora de Itália no decurso de um ano civil. Neste sentido, a Conte mudou-se para o Tottenham em Novembro de 2021: por isso, nesse ano, foi considerado residente em Itália, enquanto em 2022 foi residente em Inglaterra. Resta, portanto, a questão de 2023, mas tanto no caso de isenção como no caso de permanecer em Spurs até ao final do seu contrato, bastará não mudar de residência para Itália antes de 30 de Junho para ser considerado residente no estrangeiro.
Desta forma, a Conte poderá, assim, voltar a tirar partido da regra sobre os repatriados, facilitando em termos económicos o seu regresso à Serie A. Nas épocas 2019/20 e 2020/21, por exemplo, o treinador tinha um salário líquido de 11 e 12 milhões de euros respectivamente: bruto, graças ao Decreto Crescita, para a Inter o custo tinha sido de cerca de 14,4 e 15,7 milhões de euros, em vez de 20,3 e 22,2 milhões de euros sem concessões, poupando assim cerca de 12,4 milhões de euros em duas épocas.
Provavelmente, estas contas já foram realizadas por alguns emblemas transalpinos…