Estando a chegar ao seu final, a fase de grupos do Campeonato do Mundo, tem ficado marcada, no que a arbitragem tange, pelos longos períodos de desconto concedidos pelas equipas de arbitragem, em comparação com o que vinha sendo praticado até aqui.
Assim, em média, foram concedidos dez minutos de tempo adicional por jogo (embora em mais de uma ocasião tenha ido além disso), como é confirmado numa entrevista do próprio presidente do Comité de Arbitragem da FIFA, Pierluigi Collina: “Temos uma média de dez minutos por jogo, com um caso excepcional como o jogo Irão-Inglaterra, que teve 23 minutos de tempo adicional. Contudo, devemos lembrar que o guarda-redes iraniano ficou ferido e foi tratado durante cerca de 11 minutos no total, no primeiro tempo. Depois, na segunda parte, houve um jogador inglês lesionado durante três minutos, pelo que 14 dos 23 minutos foram para estes dois eventos específicos. Além disso, temos de recordar que foram marcados oito golos e que houve uma revisão do VAR. Portanto, houve muitos episódios que levaram a tantos minutos de tempo de desconto”.
Foram, precisamente, as celebrações após os golos que foram apontadas no início do Campeonato do Mundo como os incidentes em que se deve prestar mais atenção quando se trata de assinalar os minutos de recuperação: “As celebrações dos golos são um momento de alegria, mas levam muito tempo a celebrar. E para os adversários há menos oportunidades para jogar. Assim, o tempo necessário para celebrar o feito também deve ser tido em conta, e depois, claro, o VAR quando há um atraso no reinício do jogo devido a um controlo por parte dos funcionários como para a revisão quando o árbitro se dirige ao monitor. Rever qualquer episódio, claro, leva tempo, e este tempo tem de ser compensado”.
Mais sobre o tempo de desconto e o tempo real: “Se olharmos para quatro anos atrás na Rússia, o tempo médio acrescentado durante o torneio foi de seis minutos e meio e isso deixa-nos bastante satisfeitos com o resultado. A questão dos jogos que duram ainda menos de 50 minutos de tempo real é algo que temos vindo a abordar desde há muito tempo. As pessoas querem ver futebol jogado. Assim, já na Rússia, pedimos aos árbitros para calcularem o tempo de recuperação com maior precisão. E esta recomendação foi reiterada aqui”.
Sobre as orientações dadas aos árbitros para estabelecer o tempo de recuperação: “Identificámos alguns incidentes específicos que devem ser considerados com precisão, em particular o tempo para lesões do jogador que foi calculado num período padronizado: um minuto. E sabemos que há muitas lesões que requerem mais de um minuto para serem tratadas. Outro ponto são as substituições. No passado, cada substituição exigia 30 segundos de tempo suplementar. Com as dez substituições e as múltiplas substituições dentro de um espaço, não podemos simplesmente dizer: três substituições, um espaço, portanto um minuto e meio. É claro que é provavelmente menos de um minuto e meio, mas mais de 30 segundos. Portanto, é preciso calcular quanto é que se deve recuperar com precisão e numa base casuística”.
Para concluir, Collina faz um balanço da recepção recebida por esta decisão e se houve alguma queixa em particular: “Eu diria que tivemos uma resposta positiva, em particular, do público, não houve nenhuma reacção negativa. As pessoas estão aqui para assistir aos jogos, para se divertirem e gostam de futebol. Eles gostariam de ter mais. É como assistir a um concerto: está-se feliz e pede-se um bis ao cantor. Penso que é importante oferecer aos espectadores no estádio e na televisão um bom espectáculo, bom entretenimento.”