A Seleção de Todos Nós, Há-de Ser Sempre a Seleção de Todos Nós!
O Futebol é um fenómeno desportivo repleto de magia, de ciências pouco exatas, de surpresa e imprevisibilidade.
Começo desta forma, para pensarmos um pouco sobre a ideia de jogo da Seleção das Quinas.
Todos os treinadores têm a sua ideia, a sua forma de jogar, o seu processo, têm também os momentos em que os resultados, as exibições não acompanham o seu trabalho, que faz colocar dúvidas sobre o caminho, sobre se o que se está a produzir e se será o trilho certo a seguir.
Temos acompanhado o Campeonato do Mundo no Qatar, observamos as seleções, as expectativas que temos sobre as mesmas e entre amigos discutimos tudo o que visualizamos.
Da Seleção de nuestros hermanos, vemos uma Espanha com um processo de anos, futebol de passe, curto e apoiado, o tal afamado tiki taka. No Brasil vemos a magia dos seus jogadores alicerçada num trabalho estrutural de Tite, no qual a estabilidade que em anos faltou está presente.
Entre outras constatações positivas, como menos conseguidas, como o caso da Seleção Argentina que parece (só) continuar a viver da imprevisibilidade de Messi, dos Países Baixos que estão uns furos abaixo da famosa Laranja Mecânica, entre outras selecções com sabor a desilusão.
No refúgio de toda esta lógica, do processo, da continuidade, da dúvida e da ideia, dou por mim a olhar para a nossa seleção. Temos uma estrutura federativa forte como nunca tivemos, uma continuidade no projeto para todas as seleções, um grupo que vem de anos, com uma renovação gradual e progressiva que me parece muito bem conseguida, temos o melhor plantel de sempre, com vários jogadores de topo mundial para cada posição.
Contudo, depois parece-me que estamos carentes da tal ideia, do tal processo, que geralmente é fundamental para atingir o alto rendimento, e por consequência os resultados pretendidos.
Quero sempre que a nossa seleção almeje os seus objetivos, seja por meio a zero, com golos às três tabelas, ou até com empates. Porém, não consigo identificar a ideia continua, assente num processo bem definido com todo este talento.
Vimos um pouco de tudo nestes últimos anos, agora chegou a vez do carrossel. Subitamente, no último jogo de preparação que precedeu a partida para o campeonato do mundo, no particular contra a Nigéria, observamos trocas posicionais do meio campo para a frente, no qual todos os jogadores deveriam carregar em si a pluralidade tática. Assim, ora da direita trocar para o centro, de trás para a frente, da frente para trás, da esquerda para a direita e por aí fora. Em determinados momentos o carrossel carregou vários jogadores na mesma zona, numa pequena incerteza quanto às zonas a ocupar.
Felizmente temos jogadores de topo, que mesmo não jogando momentaneamente na sua posição de maior rendimento, são capazes de a ocupar.
Penso sempre que devemos facultar as posições que favoreçam as características dos jogadores, que os façam sentir na sua plenitude para que o individual se transforme um coletivo ainda mais forte.
Perante a dúvida, a pressão, foi encontrada uma fórmula diferente, como referi no início, o futebol tem a magia de não ser uma ciência exata, de modo que torço para que com maior ou menor dificuldade, com melhores ou piores exibições, continuemos unidos e a apoiar, aquela que é, e será sempre a Seleção de Todos Nós!