O treinador português vive uma relação entre o amor e o ódio com o Irão.
Uma relação que faz com que oriente a selecção persa pela terceira vez consecutiva em mundiais.
Faz, também, com que tenha de vestir a camisola da federação que lhe paga. E, verdade seja dita, se não fosse ao treinador português, provavelmente seria a outro técnico estrangeiro.
Técnico esse que, também, certamente, seria confrontado com questões para além do futebol, atendendo ao momento político e de agitação social que o país vai vivendo.
Não obstante essa realidade, a verdade é que o bicampeão mundial de sub-19 tem uma predilecção declarada pelas polémicas. Pelo confronto. Pelo modo assertivo como retorque as questões da imprensa, não hesitando em entrar em conflito. Foi assim em 2010 na África do Sul quando representava as Quinas, chegando mesmo a enfrentar corpo a corpo um jornalista e foi assim em 2018, quando após a eliminação com Portugal, teve declarações desabridas sobre a selecção e os jogadores do seu país.
Neste Mundial qatari, onde os direitos humanos estão à flor da pele, natural seria ser questionado sobre eles. Ainda para mais, como já dissemos, a representar um país cujo respeito pelos mesmos é questionado.
Contudo, numa selecção que preferiu, em sinal de protesto, não cantar o hino nacional do país que representa, em vez de fugir para a frente, ficava-lhe bem acompanhar a luta dos seus jogadores. Mostrar-se solidário para o povo que, entre a luta pelo afrouxar dos costumes, aplaude aqueles heróis que entram em campo com as cores do país.
Todavia, o treinador português tem optado pelo contrário. Tem sido fiel à sua idiossincrasia e procurado responder ao fogo das perguntas com gasolina. Já sucedera desse modo na antevisão da partida com a Inglaterra que a sua equipa haveria de perder por seis bolas a duas e sucedeu hoje novamente.
Questionado acerca dos direitos das mulheres no Irão, Queiroz respondeu que “Porque é que não fazem esse tipo de perguntas ao Gareth Southgate [selecionador de Inglaterra]. Porque saíram do Afeganistão. Porque é que não fazem essas perguntas a outros treinadores. Porque é que não perguntam ao Southgate porque é que a Inglaterra e os Estados Unidos saíram do Afeganistão e deixaram todas as mulheres sozinhas?”
Até poderá ter razão…
Mas poderia ter aproveitado a ocasião para, ao invés de apontar os erros de outros, pôr-se do lado da luta dos seus jogadores e condenar o que vai sucedendo no Irão… ou, simplesmente, não entrar em polémicas e falar de futebol que é para isso que rumou ao Qatar!