Os insultos que Vinicius sofreu em Valencia, no Mestalla, têm feito correr muita tinta.
Surge, agora, uma outra possibilidade, que passa pelos adeptos que maltrataram o talentoso jogador do Real Madrid serem julgados no Brasil pelo sucedido.
Com efeito, Flávio Dino, ministro da Justiça do Brasil, anunciou que o governo brasileiro está a estudar a possibilidade de adoptar o princípio da extraterritorialidade para julgar os ataques racistas de que o jogador foi alvo.
“- Estamos a estudar a possibilidade de aplicar o princípio conhecido como extraterritorialidade. O Código Penal prevê que, em algumas situações excepcionais, é possível aplicar a lei brasileira no caso de crimes contra cidadães brasileiros mesmo no estrangeiro”, explicou Dino à imprensa brasileira.
O próprio ministro da Justiça explicou em sua conta no Twitter em que consiste o princípio da extraterritorialidade no Brasil.
O princípio da extraterritorialidade encontra-se no Código Penal brasileiro, derivado da solicitação do Ministro da Justiça. Trata-se de uma medida extrema em caso de crimes contra brasileiros, que pode ser útil em caso de inacção das autoridades inicialmente competentes. Pode funcionar como uma resposta a uma agressão injusta contra um cidadão do país.
Para Dino, “a questão da extraterritorialidade ainda está em análise e depende de uma série de faCtores. Recordo apenas que está prevista no Código Penal, uma vez que há quem questione o facto de eu a ter mencionado como um recurso extremo. Penso que é útil que todos saibam da existência desta protecção dos direitos dos brasileiros. Aliás, o princípio também existe em Espanha e noutros países”.
Acresce ainda, que a Agência EFE noticiou que a Procuradoria de Valência abriu uma investigação sobre um alegado crime de ódio por insultos contra o jogador do Real Madrid Vinicius no jogo de domingo no estádio Mestalla, de acordo com fontes da Procuradoria do Estado.
Anteriormente, o Real Madrid anunciou num comunicado que iria recorrer à Procuradoria-Geral da República, após ter apresentado uma queixa ao Ministério Público contra os crimes de ódio e discriminação, que o jogador foi alvo no Mestalla.
José Manuel Albares, Ministro dos Negócios Estrangeiros, negou numa conferência de imprensa que a Espanha seja um país racista: “A sociedade espanhola é uma sociedade largamente tolerante. É uma sociedade que rejeita claramente o racismo e, evidentemente, o Governo espanhol não deixará qualquer dúvida nem encobrirá qualquer atitude de racismo, de intolerância ou de rejeição do pluralismo”.
Sobre o caso Vinicius, o Ministro dos Negócios Estrangeiros declarou que “estes incidentes são intoleráveis e absolutamente condenáveis, não só no domínio desportivo, mas também num país como a Espanha, uma terra de acolhimento, que faz da diversidade a sua bandeira. A xenofobia demonstrada por alguns hooligans envergonha-nos enquanto sociedade e enquanto desporto”.
“Os insultos provêm de uma minoria de cabeças quentes que confundem paixão com ódio e que não deveriam voltar a pisar um campo de futebol”, afirmou Albares.
O Governo de Lula da Silva, esse, instou a Espanha, a La Liga, a Federação Espanhola de Futebol e a FIFA a tomarem medidas e “lamenta profundamente que, até ao momento, não tenham sido tomadas medidas eficazes para prevenir e evitar a repetição destes actos de racismo”.