O Irão venceu pela primeira vez no Mundial, ao bater o País de Gales com dois tentos apontados nos descontos da segunda metade da partida.
Porém, alguns factos ressaltam da inesquecível jornada iraniana. Desde logo, a equipa, ao contrário do que sucedeu com a Inglaterra, cantou o hino nacional , ainda que sem qualquer convicção. Tal levou a que já fosse aventado que os jogadores foram intimidados e ameaçados que caso não o fizessem sofreriam represálias. Assim, a sussurrarem a canção nacional contrastaram com a paixão colocadas pelos galeses nesse momento, sempre, marcante em qualquer jogo.
Nas bancadas, com os adeptos persas em lágrimas e a soluçarem durante o hino, não se brandiu a bandeira do país. As bandeiras as palavras “Mulheres, Vida, Liberdade, um slogan usado após a morte de Masha Amini, seriam proibidas de entrar no estádio por oficiais de segurança. Tal seria justificado pela organização, alegando que a FIFA proíbe elementos com mensagens políticas, ofensivas ou discriminatórias.
Após o triunfo, as forças de segurança do estado iraniano meteram mãos ao trabalho, de modo imediato, para capitalizarem o êxito. Assim, as agências de notícias do país apressaram-se a divulgar fotografias de forças de seguranças a agitar bandeiras. O próprio presidente do país, Ebrahim Raisi, agradeceu à equipa pelo feito, aludindo que ela levou ao povo a doçura da vitória. O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, elogiou a equipa pelo que ele classificou deuma vitória gloriosa e por ter feito o povo feliz.
Simultaneamente, contestatários ao regime estavam a lutar para impedir a iminente execução de Majidrezah Rahnavard, um manifestante do Mashhad no nordeste do Irão que é acusado de matar dois membros das forças de segurança. Os seus defensores contestam tal condenação, alegando que não teve um julgamento justo e que foi espancado na prisão.
Dentro do país, multidões reuniram-se nas orações de Sexta-feira para protestar contra o regime, inclusive em Zahedan, onde dezenas de manifestantes foram mortos em Setembro por forças pró-governamentais. Mais de 18.000 pessoas, das quais 555 eram estudantes, foram presas em diferentes cidades.
Falemos, agora, de Carlos Queiroz. O treinador português, antes da partida, tinha pedido aos adeptos para não ocuparem o lugar nas bancadas se não pretendessem apoiar a equipa. Bastará, lembrar que na conferência de imprensa de antevisão do jogo disse que tais atitudes fariam que o mundo pensasse que os seus atletas eram os responsáveis por todos os problemas do mundo, o que não seria justo. Por isso seria vaiado durante o desafio, tal como Mehdi Taremi que, após o jogo com a Inglaterra, disse que tinham perdido por motivos não relacionados com o futebol e que agora iriam concentrar-se no jogo.
Pelos vistos, tinha razão… o Irão viveu os descontos de tempo mais gloriosos da sua história!