I – Portugal venceu. Porém, não fez, como quase sempre, uma habitação de encher o olho, de seduzir. Aliás, muito dificilmente esta equipa orientada por este treinador irá ser capaz de encantar, apesar dos inúmeros solistas que apresenta.
II – Com três alterações em relação à partida com o Gana, com Pepe, Nuno Mendes e William a ocuparem os lugares de Danilo, Raphael Guerreiro e Otávio, a selecção seria incapaz de se projectar ofensivamente. A primeira parte seria uma atroz nulidade, sem imaginação, sem ruptura, sem capacidade de desequilibrar.
III – Com tantas dificuldades, Portugal passaria uma primeira parte sem criar perigo. Bernardo, como reconheceu na conferência de imprensa de ontem, tinha de pegar no jogo muito atrás. William e Rúben esbarravam-se na tentativa de ajudarem a construir e Bruno parecia remar contra uma maré que engolia Cristiano Ronaldo.
IV – Com tantos equívocos, não seria surpreendente que a primeira grande oportunidade fosse uruguaia. Apesar do duplo tampão, Bentancur iria pelo campo fora, só salvando o golo quase óbvio um Diogo Costa que aí terá ganho a confiança necessária para realizar um grande Campeonato do Mundo.
V – A segunda parte previa e seria mais do mesmo…pelo menos até ao golo português. As soluções inexistiam. Cristiano era uma ilha. Félix nem avançado nem extremo. Os médios a serem incapazes de realizar uma tarefa de projecção. Uma nulidade absoluta!
VI – Todavia, algo cairia do céu. Um cruzamento de Bruno Fernandes que Ronaldo tentaria cabecear sem conseguir, mas que atrapalharia Rochet. Era um golo surgido de um lance inesperado, sem qualquer construção, sem qualquer rendilhado, simplesmente proveniente de um cruzamento bombeado!
VII – Esperava-se que Portugal matasse o jogo de seguida num contragolpe. Os uruguaios, imediatamente, subiriam linhas. Fernando Santos, em vantagem, faria o que não fez quando procurava o golo: retirar um médio de contenção (Rúben Neves) para lançar o veloz, mas de engate e hoje isso não sucedeu, Rafael Leão.
VIII – Os uruguaios massacrariam. Colocariam uma bola no poste. Diogo Costa voltava a ser aquele guardião que tem fascinado a Europa. Portugal nem atacava, nem defendia, nem sequer conseguia segurar a bola.
IX – Finalmente, no mar de equívocos que quase afogavam um seleccionador que continua a desiludir, Fernando Santos acertaria! As entradas de João Palhinha, de Matheus Nunes e de Gonçalo Ramos estabilizariam o meio campo e dariam uma verdadeira referência ao ataque na verdadeira acepção da palavra. Seria com estas traves-mestras que a grande penalidade da tranquilidade surgiria…para Bruno bisar e fazer mais de 10 milhões respirar.
X – Portugal pelo inevitável Bruno Fernandes ainda teria mais duas oportunidades. O essencial, contudo, estava feito. As Quinas estão, desde já, nos oitavos de final da prova, mesmo sem encantar e enredados em equívocos…
XI – A dificuldade, a partir dos oitavos de final, obviamente, irá aumentar. Para se ter êxito há que ser corajoso e assumir decisões até disruptivas. Fernando Santos não parece ter essa capacidade. Mais do que records esta geração merecerá, no mínimo, os quartos de final de um Campeonato do Mundo. Será possível?